Dólar dispara, bate R$ 5,07 e tem maior série de altas desde 2021

Expectativa de que o Fed mantenha o juro alto por mais tempo e dúvidas sobre perspectivas econômicas da China impulsionam a volatilidade global

Dólar tem se valorizado diante de moedas de mercados emergentes (Foto: Justin Sullivan/Getty Images)
Por Davison Santana
27 de Setembro, 2023 | 01:48 PM

Bloomberg — O real está prestes a sofrer a mais longa sequência de perdas em mais de dois anos, em meio a preocupações crescentes com a economia da China e o patamar de juros nos Estados Unidos, que diminuem o apetite por ativos considerados mais arriscados e ameaçam apagar os ganhos das moedas de mercados emergentes este ano.

O fluxo cambial negativo foi tão intenso nos últimos dias que empurrou o chamado “casado de dólar” – a diferença entre a cotação da moeda americana no mercado à vista e o contrato futuro mais curto – para território negativo.

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Isso colocou o dólar em um padrão conhecido como “backwardation”, com cotação à vista mais elevada do que os futuros, embora o Brasil tenha taxas mais elevadas do que os EUA. É uma ocorrência rara que só acontece em tempos de exacerbada demanda física por dólar.

A depreciação não se limita ao real. A expectativa de que o Federal Reserve mantenha os juros altos por mais tempo e as dúvidas sobre as perspectivas econômicas da China impulsionaram a volatilidade global, levando operadores a desfazerem posições compradas (aposta na alta) em mercados emergentes.

Um indicador de ações dos países em desenvolvimento da MSCI apagou os ganhos de 2023 na semana passada, e um índice semelhante para moedas reduziu o seu avanço no ano para apenas 0,2%.

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A depreciação do real nas últimas sete sessões, de 3,3%, não é nem a maior entre as nações em desenvolvimento. O forint húngaro e o peso colombiano caíram pelo menos 3,7% cada um, enquanto o peso mexicano está logo atrás, com queda de cerca de 2,9%.

“O fato de a economia da China não ter apresentado o desempenho esperado e de ainda vermos nervosismo de curto prazo na economia americana – como o risco de ‘shutdown’ – levou os investidores globais a adotarem uma postura mais defensiva em relação às moedas latino-americanas como um todo ultimamente”, disse o estrategista Mauricio Une, do Rabobank.

No mercado de câmbio brasileiro, o dólar ultrapassou R$ 5,00 nesta quarta-feira (27) e bateu R$ 5,07 no começo da tarde, perto das 14h30. Isso abre caminho para um teste rápido da média móvel de 200 dias, antes de um nível de apoio ao dólar ainda mais significativo, perto de R$ 5,08.

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-- Com a colaboração de Leda Alvim.

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