Crises de dívida corporativa são casos pontuais, avaliam BlackRock, Itaú e Patria

Em participação no Bloomberg Línea Summit Brasil 2025, Marina Tennenbaum, do Patria, Bruno Barino, da BlackRock, e Sylvio Castro, do Itaú, avaliam que o mercado de crédito continua saudável, apesar de situações de estresse recentes

Marina Tennenbaum, do Patria, Bruno Barino, da BlackRock, e Sylvio Castro, do Itaú
27 de Outubro, 2025 | 03:55 PM

Bloomberg Línea — O mercado de crédito privado continua saudável apesar de eventos recentes de estresse que levaram à queda de títulos de dívidas de empresas como Ambipar, Braskem e Raízen, de acordo com executivos da BlackRock, do Patria Investimentos e do Itaú, em evento da Bloomberg Línea nesta segunda-feira (27).

Um dos casos mais emblemáticos foi da Ambipar, que pediu recuperação judicial recentemente. Suas debêntures são negociadas a cerca de 15% do valor de face, indicando um deságio superior a 85% no mercado secundário.

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Esses eventos, no entanto, não significam que o mercado de crédito privado está em crise. A avaliação é compartilhada por Bruno Barino, CEO da BlackRock no Brasil, Marina Tennenbaum, sócia, COO e head de sales no Brasil do Patria Investimentos, e Sylvio Castro, head de global solutions e fund of funds no Itaú.

Os três participaram de painel sobre tendências de investimentos do Bloomberg Línea Summit Brasil 2025.

“Esses eventos que aconteceram estavam relacionados a empresas mais alavancadas que estavam em um momento de ciclo desfavorável. Não acredito que estamos em um momento particularmente perigoso para a classe de crédito”, afirmou Castro, do Itaú.

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A carteira de crédito privado da Itaú Asset soma R$ 500 bilhões e, segundo o gestor, há “um conforto muito grande” no crédito que já foi concedido. O destaque é que o crédito corporativo continua saudável, diferente do que se vê em crédito para pessoa física.

A principal mudança que Castro identifica é o retorno desses produtos, que não está mais tão atrativo quanto em 2024 – ano em que o crédito privado se tornou o grande foco dos investidores. O spread foi comprimido ao longo dos próximos meses com o aumento de volume de capital alocado na classe.

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“O retorno esperado não é igual ao que foi nos últimos 24 meses – que foi absolutamente espetacular", disse.

Barino, da BlackRock, concorda que os eventos de crédito recentes são resultado de eventos específicos, sem prejuízo para a classe. O executivo faz, no entanto, uma ressalva quanto à estruturação dos produtos, já que alguns fundos têm prazos de resgate curtos enquanto os ativos investidos são de longo prazo.

“Temos observado [uma grande] quantidade de veículos nos quais a liquidez é muito curta, mas com ativos de saída não necessariamente tão rápida. E aí é uma questão muito mais de preço do que de crédito”, defendeu.

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Tennenbaum, do Patria, também observa descompasso na estruturação dos produtos.

“Não vemos risco no mercado de crédito, ao menos por agora. Mas existe uma questão de segundo plano de estrutura, é preciso ter alinhamento. A maneira como se estrutura o crédito hoje é muito relevante”, afirmou.

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