Bloomberg — A Amazon (AMZN) captou US$ 15 bilhões em sua primeira emissão de títulos em dólares nos Estados Unidos em três anos, ampliando a onda de emissões bilionárias de empresas de tecnologia que têm buscado financiar infraestrutura de inteligência artificial.
Os recursos da operação — que superou em US$ 3 bilhões as estimativas iniciais — serão destinados a diversas operações, desde aquisições e investimentos a programas de recompra de ações, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.
No auge, a emissão atraiu cerca de US$ 80 bilhões em demanda, antes de os pedidos serem cortados pela metade conforme o custo de captação caiu ao longo do processo, disseram as pessoas, que pediram anonimato ao comentar detalhes privados.
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A venda desta segunda-feira (17) ocorre após a Alphabet (GOOG), controladora do Google, ter emitido US$ 25 bilhões em dívida nos Estados Unidos e na Europa no início do mês. A Meta Platforms (META) levantou US$ 30 bilhões em títulos corporativos no mês passado, na maior oferta do ano, enquanto a Oracle (ORCL) captou US$ 18 bilhões em bonds de alta qualidade de crédito em setembro.
A onda de emissões das gigantes de tecnologia ajudou a elevar o volume global para um recorde de mais de US$ 6 trilhões neste ano. O JPMorgan Chase prevê que o novo ciclo de gastos voltado ao financiamento de investimentos em inteligência artificial impulsione o mercado de dívida de alto grau nos EUA a um recorde de US$ 1,81 trilhão no próximo ano.
Segundo as fontes que falaram com a Bloomberg News, a Amazon vendeu títulos de grau de investimento em seis tranches. O spread da parcela mais longa, um bond de 40 anos, caiu para 0,85 ponto percentual acima dos Treasuries, ante 1,15 ponto percentual inicialmente, afirmaram.
Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Morgan Stanley, bancos que coordenaram a operação, não comentaram.

A operação “vai apoiar investimentos no negócio, financiar futuros gastos de capital e refinanciar dívidas que vencem em breve”, informou a Amazon por e-mail em resposta a perguntas.
A Amazon é a maior fornecedora mundial de computação em nuvem sob demanda, essencial para dar suporte aos sistemas de inteligência artificial.
Assim como suas principais concorrentes, a empresa tem investido fortemente em data centers e chips para construir e operar modelos de IA capazes de gerar textos ou imagens e automatizar processos.
O capex da Amazon deve superar US$ 147 bilhões no próximo ano — aproximadamente três vezes o nível registrado ainda em 2023 — segundo a média das estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.
Para o JPMorgan, este é um momento “oportuno” para a Amazon, que até agora se apoiou principalmente no próprio fluxo de caixa para financiar investimentos, passar a incorporar dívida em sua estrutura de capital e ampliar sua flexibilidade de financiamento.
“A Amazon também pode recorrer ao mercado de crédito privado para estruturar financiamentos ligados à sua ampla rede de data centers,” acrescentou o JPMorgan, mencionando o potencial para operações de sale-leaseback ou veículos em formato de joint venture.

A capacidade energética do conjunto de data centers da Amazon dobrou desde 2022, e o CEO Andy Jassy afirmou que espera uma nova duplicação até 2027.
No início deste mês, a unidade de nuvem da empresa assinou um acordo de US$ 38 bilhões para oferecer à OpenAI acesso a centenas de milhares de unidades de processamento gráfico da Nvidia (NVDA) como parte de um contrato de computação de sete anos.
A última vez que a Amazon acessou o mercado de dívida de alta qualidade nos EUA foi em novembro de 2022, quando captou US$ 8,25 bilhões.
-- Com a colaboração de Robin Ajello. Reportagem atualizada às 20h38 para adicionar informações do fechamento da operação e mais detalhes no texto.
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