Bloomberg Línea — Os investidores monitoram nesta terça-feira (2) dados de inflação e de emprego na zona do euro e nos Estados Unidos em busca de pistas sobre o rumo dos juros.
Falas de autoridades monetárias, incluindo do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, também serão monitoradas ao longo do dia, em meio ao Fórum sobre Bancos Centrais de 2024, em Portugal.
Por aqui, as atenções recaem novamente sobre a forte alta do dólar, que fechou o último pregão cotado a R$ 5,65 em meio a novas críticas do presidente Lula a Campos Neto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que a alta da moeda americana deve-se a “ruídos de comunicação” e que o governo precisa comunicar melhor os resultados obtidos na economia.
Questionado sobre uma possível intervenção do BC no câmbio, Haddad afirmou que esse é um tema da autoridade monetária e “eles lá que sabem quando e como fazer”.
Confira a seguir cinco destaques desta terça-feira (2):
1. Inflação na zona do euro
O Banco Central Europeu ainda não tem provas suficientes de que as ameaças inflacionárias tenham passado, disse a presidente Christine Lagarde e seu principal economista, alimentando as expectativas de que os dirigentes farão uma pausa no corte de juros este mês.
Com o mercado de trabalho da zona do euro robusto, o BCE tem tempo para avaliar as informações recebidas, disse Lagarde na segunda-feira (1) em Sintra, Portugal, ao abrir o fórum anual de bancos centrais.
Em entrevista à Bloomberg TV nesta terça-feira (2), o economista-chefe Philip Lane disse que os dados de inflação de junho não serão suficientes para avaliar completamente os preços dos serviços, que são acompanhados de perto.
“Ainda enfrentamos várias incertezas em relação à inflação futura, especialmente em termos de como a relação entre lucros, salários e produtividade evoluirá e se a economia será atingida por novos choques do lado da oferta,” disse Lagarde. “Levará tempo para reunirmos dados suficientes para termos certeza de que os riscos de inflação acima da meta passaram.”
2. WeWork atrasa aluguel
A WeWork que opera no Brasil e na América Latina está inadimplente em dois imóveis que ocupa em São Paulo - são ao todo 25 na capital paulista, além de Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, segundo informações em seu site.
Até a tarde desta segunda-feira (1 de julho), dois fundos imobiliários (FIIs) anunciaram que não haviam recebido o pagamento de junho da empresa de coworking referente a maio – e uma fonte do mercado disse à Bloomberg Línea, sob condição de preservar sua identidade, que outros atrasos podem estar no horizonte.
Leia mais: WeWork: empresa atrasa pagamento do aluguel em dois prédios em SP e preocupa FIIs
A WeWork atua na América Latina e no Brasil como uma operação em joint venture com o SoftBank, à parte da crise financeira que levou a unidade americana e global a entrar com pedido de recuperação judicial no fim de 2023 (veja mais abaixo).
3. Mercados
As ações europeias recuam nesta terça-feira (2), depois que os formuladores de políticas monetárias sinalizaram que precisam de mais evidências de que as pressões sobre os preços estão sob controle, mesmo com os últimos dados mostrando uma leve moderação na inflação da zona do euro.
O índice Stoxx Europe 600 caía cerca de 0,7% por volta das 8h25 (horário de Brasília), liderado pela baixa de seguradoras e fabricantes de automóveis. Na França, o índice CAC-40 apagou a maior parte dos ganhos de segunda-feira, enquanto o país se prepara para o segundo turno das eleições. Os futuros de ações dos EUA também cediam.
O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em um fórum do Banco Central Europeu (BCE) nesta terça em Portugal pode fornecer mais pistas sobre as perspectivas para a política monetária dos EUA.
Christine Lagarde, presidente do BCE, também está programada para falar. Os investidores ficarão atentos ainda aos dados de vagas de emprego JOLTs nos EUA, que serão divulgados mais tarde nesta manhã.
4. Manchetes dos principais jornais
Estado de S. Paulo: Governo Lula deve pagar até R$ 30 bilhões em emendas antes das eleições, maior valor da história
Folha de S. Paulo: Desequilíbrio em regra fiscal amplia poder de barganha do Congresso a partir de 2025
Valor Econômico: Bloqueio judicial de recursos bate recorde e recupera R$ 14 bilhões para credores neste ano
O Globo: Reforma Tributária: governo faz contas para evitar que isenção a carnes e sal aumente imposto geral
5. Agenda
Brasil:
- 15h: Balança Comercial (Jun)
Estados Unidos:
- 10h30: Discurso de Jerome Powell, Presidente do Fed;
- 11h: Ofertas de Emprego JOLTs (Mai);
- 11h: Total de Vendas de Veículos;
Zona do euro:
- 6h: CPI da zona do euro;
- 6h: Taxa de desemprego;
- 7h30: Pronunciamento de Schnabel, do BCE;
- 10h30: Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE;
-- Com informações da Bloomberg News.