Bloomberg Línea — Os investidores ficam de olho nesta quinta-feira (28) em quaisquer sinais que o governo dos Estados Unidos possa dar sobre um possível “shutdown” e também na leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) americano do segundo trimestre.
Agora, parece menos provável que um acordo seja alcançado para evitar a paralisação do governo americano neste fim de semana. O presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, deseja utilizar o “shutdown” para garantir mais concessões, após ter obtido um acordo sobre cortes de gastos de longo prazo no início do ano.
Por aqui, foi divulgado mais cedo o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que registrou alta de 0,37% em setembro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, concordaram em conversar com mais frequência.
Confira a seguir cinco destaques desta quinta-feira (28):
1. Reunião de Lula com Campos Neto
O presidente Lula e Roberto Campos Neto concordaram em manter conversas mais frequentes durante um encontro no Palácio do Planalto na quarta-feira (27), sendo este o primeiro encontro presencial após meses de tensão entre o líder petista e o chefe da autoridade monetária.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou da reunião na noite de ontem, afirmou que tiveram uma “conversa amigável e produtiva” e que Lula disse a Campos Neto que respeitará a autonomia constitucional do Banco Central.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, o presidente vinha criticando publicamente Campos Neto e a política do Banco Central de altas taxas de juros, que ele considera um grande obstáculo para a prosperidade econômica que prometeu entregar.
“Foi uma reunião institucional para construir a relação”, disse Haddad a repórteres após a conversa, acrescentando que concordaram em realizar conversas periódicas. “Foi excelente.”
Ao falar com Campos Neto, Lula repetiu suas críticas à alta taxa de referência do Brasil e ao crédito caro, mas o fez de maneira cortês, de acordo com um funcionário do governo com conhecimento do assunto que disse à Bloomberg News.
2. “Shutdown” nos EUA
Uma paralisação do governo americano teria um impacto em cascata na economia e se aprofundaria com o tempo, com milhões de servidores e prestadoras de serviços sem receber e a piora da confiança do consumidor diante do caos em Washington.
As empresas que prestam serviços ao governo federal, que vão desde a SpaceX, de Elon Musk, a negócios de limpeza de edifícios públicos, deverão ter até US$ 1,9 bilhão por dia de receitas perdidas ou atrasadas se não houver acordo no Congresso dos EUA para custear as despesas a partir de 1º de outubro, quando começa o novo ano fiscal.
Cerca de 1,3 milhão de militares na ativa e outros 2 milhões de servidores federais não receberão remuneração durante a paralisação, mesmo os funcionários essenciais que têm de trabalhar de qualquer maneira.
Seria mais um choque em um momento em que juros altos, alta do petróleo e greves já pressionam as ações do índice S&P 500.
Cada semana de paralisação do governo reduziria o crescimento trimestral anualizado do PIB em 0,2 ponto percentual, segundo estimativa da Bloomberg Economics. E mesmo que parte disso seja recuperado depois, teria um impacto de perda de atividade e incerteza que não seria totalmente revertido.
3. Mercados
Os preços do petróleo avançam ainda mais em direção aos US$ 100 por barril, alimentando expectativas de que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo e mantendo pressão nos mercados globais.
O preço de referência do petróleo nos Estados Unidos se estabilizou depois de brevemente ultrapassar US$ 95 por barril pela primeira vez em mais de um ano, e o Brent negociava perto de US$ 97 após uma queda nos estoques em um importante centro de armazenamento.
A possível repercussão na inflação manteve o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos (Treasuries) em torno de 4,6% – o mais alto desde 2007. O dólar voltou a cair após sua mais longa sequência de ganhos em um ano. Na Europa, o Stoxx 600 recuava 0,3% e os futuros do S&P 500 permaneciam praticamente estáveis por volta das 8h50 (horário de Brasília).
4. Manchetes dos principais jornais
Estadão: O que o Brasil precisa fazer para retomar grau de investimento? Estudo mostra o caminho
Folha de S. Paulo: Carta da OCDE não traz ameaça sobre Carf citada por Haddad
O Globo: Vagas temporárias: comércio prevê maior contratação de fim de ano em uma década
Valor Econômico: Superávit comercial brasileiro cresce e ganha destaque em ranking da OCDE
5. Agenda
Nos Estados Unidos, às 9h30, será divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) referente ao segundo trimestre. No mesmo horário, também será publicado o Índice de Preços do PIB do segundo trimestre. Os dados dos pedidos iniciais por seguro-desemprego serão anunciados às 9h30.
Às 11h, será divulgado o índice de vendas pendentes de moradias referente a agosto. Já às 14h haverá um leilão de notas americanas com vencimento em 7 anos, com uma taxa de juros esperada de 4,212%.
Por fim, às 17h30, o Federal Reserve divulgará o balanço do banco central, fornecendo informações sobre as reservas e operações financeiras.
No Brasil, às 9h o Banco Central divulgará o relatório trimestral de inflação. No mesmo horário, também teremos a divulgação do Índice de Preços ao Produtor (IPP) referente a agosto. Às 14h, destaque para a divulgação do Índice de Evolução de Emprego do CAGED.
-- Com informações da Bloomberg News
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