BofA espera ano positivo em bolsa e M&A no Brasil em 2026, diz presidente para LatAm

‘É provável que seja um bom ano, já que se espera que as taxas de juros caiam’, disse Augusto Urmeneta, presidente do BofA para a América Latina, em entrevista à Bloomberg News

Estratega de BofA dice que las acciones están cerca de generar una señal de venta
Por Cristiane Lucchesi - Vinícius Andrade
19 de Dezembro, 2025 | 12:52 PM

Bloomberg — O Bank of America espera que os mercados de ações da América Latina ganhem força no próximo ano, mesmo com as eleições presidenciais no Brasil, na Colômbia e no Peru, que devem provocar volatilidade no mercado.

“Com o Brasil entrando em um ano eleitoral, os mercados provavelmente terão seus altos e baixos”, disse Augusto Urmeneta, presidente do BofA para a América Latina, em entrevista à Bloomberg News.

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“Mas, independentemente do resultado, é provável que seja um bom ano, já que se espera que as taxas de juros caiam”, disse o executivo, que acrescentou que a atividade em mercado de capitais na Argentina, no Chile, no Peru e no México provavelmente também será mais forte.

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A taxa de juros de referência do Brasil tem se mantido em 15% ao ano desde junho, o nível mais alto em quase 20 anos. Mas economistas esperam que ela termine 2026 em torno de 12% ao ano.

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Os mercados acionários em toda a região desaceleraram drasticamente desde que o volume atingiu o pico em 2021 - o ano em que o Nubank abriu seu capital na NYSE em uma estreia de grande sucesso.

Nos últimos anos, mais empresas optaram por fechar o capital do que buscar IPOs em mercados como o Brasil e o México.

Essa tendência reflete os valuations comprimidos, o impacto das altas taxas de juros e a diminuição do interesse dos investidores pela América Latina, cujo peso em um índice de referência de mercados emergentes caiu mais da metade na última década.

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Com mais de 2.000 funcionários que cobrem a América Latina, tanto na região quanto em Nova York, o BofA ficou em segundo lugar na região nos primeiros nove meses de 2025, com base em fees nas atividades de investment banking, atrás do JPMorgan Chase.

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O Brasil é o maior mercado da empresa na América Latina em termos de funcionários e clientes.

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O segundo maior é o México, onde a empresa tem um banco corporativo e de investimento. A empresa de Wall Street também tem corretoras ou escritórios de representação no Chile, no Peru, na Colômbia e na Argentina.

Entre os negócios de destaque do BofA está uma negociação em bloco - block trade -, no mês passado, de ações da Smartfit, que totalizou R$ 876,6 milhões (US$ 159 milhões).

O BofA também trabalhou na oferta pública inicial (IPO) de US$ 431,2 milhões da Nearshoring Experts & Technology, ou Fibra Next, em julho, e na oferta adicional da empresa de US$ 367,7 milhões em novembro.

Ofertas de ações na América Latina desaceleraram na última década

A emissão geral de ações na América Latina aumentou 16% neste ano, chegando a US$ 8 bilhões, mas ainda longe do recorde de US$ 27,4 bilhões em 2021.

Investidores se preparam para um calendário eleitoral intenso em toda a região no próximo ano, com a votação do Peru marcada para meados de abril.

Espera-se que a Colômbia realize o primeiro turno de sua votação presidencial no final de maio, enquanto os brasileiros vão às urnas no início de outubro - com eventual segundo turno no fim do mesmo mês.

“O México tem sido particularmente ativo nos mercados acionários, embora, de modo geral, os negócios não tenham tido um desempenho tão bom”, disse Urmeneta, acrescentando que ele espera uma “atividade maior” no país no próximo ano.

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É provável que as empresas argentinas vendam mais ações, “especialmente à medida que a República reorganiza suas finanças e a confiança dos investidores começa a se restabelecer”, disse ele, acrescentando que o país “parece estar em uma verdadeira trajetória que tem suas raízes na mudança”.

O Chile “tem sido relativamente lento neste ano, e esperamos que isso mude gradualmente no próximo ano” depois que os mercados se recuperaram após a eleição presidencial, de acordo com o executivo do BofA.

Com relação ao Peru, uma moeda forte e uma taxa de crescimento de 4,5% devem ser um bom presságio para o próximo ano.

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Expectativas para o Brasil

No Brasil, Urmeneta disse esperar ver mais atividades de follow-on e block trade, especialmente no primeiro semestre, à medida que as empresas acessam cada vez mais os mercados acionários em busca de liquidez e porque alguns investidores internacionais estão “desviando um pouco sua atenção dos EUA”.

Mas “é provável que a atividade de IPO permaneça silenciosa até que haja mais clareza quanto aos resultados das eleições”, disse ele.

No negócio de fusões e aquisições (M&As), “devemos esperar mais atividade em transações maiores com base em nossas projeções com relação ao nosso pipeline”, disse Urmeneta.

Depois de contratar três executivos no início deste ano do Citigroup, do Deutsche Bank e Santander para os negócios do BofA na América Latina, Urmeneta disse que continuará a fazer “contratações estratégicas” para o banco que tem sede em Charlotte, no estado americano da Carolina do Norte.

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A receita total do Bank of America com negócios de banco de investimento na América Latina atingiu US$ 129 milhões nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com a Dealogic.

A receita total do banco de investimentos na região nos três primeiros trimestres chegou a US$ 1,25 bilhão, um aumento de 13% em relação a 2024, segundo a Dealogic.

Além do banco de investimento, “nossa sólida franquia de derivativos, juntamente com a tesouraria e as vendas e as negociações, executadas tanto no local quanto fora de Nova York, nos permite atender aos clientes em todo o espectro”, disse Urmeneta.

“Crescemos muito em pagamentos”, acrescentou. “Por termos um banco de atacado no México e no Brasil, podemos atuar como uma empresa de pagamentos para as grandes multinacionais e também para as empresas locais.”

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