Bloomberg — A ata da reunião de dezembro do Federal Reserve mostrou que a maioria das autoridades do banco central considera que cortes adicionais nas taxas de juros são apropriados se a inflação diminuir ao longo do tempo, como esperado.
No entanto algumas autoridades deixaram claro que acreditam que as taxas devem permanecer em espera “por algum tempo” após a reunião de dezembro.
A ata da reunião de 9 e 10 de dezembro do Federal Open Market Committee (Comitê Federal de Mercado Aberto, ou FOMC) continuou a apontar as divisões entre os banqueiros centrais dos EUA e a dificuldade de sua decisão mais recente.
“Alguns dos que apoiaram a redução da taxa básica de juros nesta reunião indicaram que a decisão foi bem equilibrada ou que poderiam ter apoiado a manutenção da faixa de meta inalterada”, apontou a ata, divulgada nesta terça-feira (30).
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No início deste mês, as autoridades votaram por 9 votos a favor, entre os 12 integrantes do FOMC, da redução da taxa de juros de referência em um quarto de ponto percentual pela terceira vez consecutiva, para uma faixa de 3,5% a 3,75%.
No entanto eles incluíram uma pequena alteração em sua declaração pós-reunião que sugeria que as autoridades estavam menos certas sobre quando o FOMC poderia reduzir as taxas novamente.
Embora a mediana das projeções das taxas de juros pelas autoridades divulgadas após a reunião apontasse para um corte de um quarto de ponto em 2026, as projeções individuais variaram bastante.
Os investidores esperam, no consenso, pelo menos duas reduções no próximo ano.
Os formuladores de política monetária também ficaram divididos quanto à decisão.
O diretor Stephen Miran votou a favor de um corte de meio ponto percentual, enquanto o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e Jeff Schmid, do Kansas City, se mostraram a favor da manutenção das taxas.
As projeções das taxas para o fim de 2025 apontaram para uma divisão ainda mais profunda entre o grupo maior de 19 formuladores de política monetária.
Seis autoridades sinalizaram sua oposição à redução da taxa, recomendando que a taxa referencial ficasse entre 3,75% e 4% no final deste ano - patamar em que estava antes da reunião de dezembro.
Divisão profunda
A ata continuou a apontar diferenças consideráveis entre os formuladores de política monetária sobre se a inflação ou o desemprego representavam o maior perigo para a economia dos EUA.
“A maioria dos participantes observou que uma mudança em direção a uma postura de política mais neutra ajudaria a evitar a possibilidade de uma grande deterioração nas condições do mercado de trabalho”, segundo a ata.
Ao mesmo tempo, segundo o documento, “vários participantes apontaram para o risco de uma inflação mais alta se consolidar e sugeriram que reduzir ainda mais a taxa de juros da política monetária no contexto de leituras de inflação elevadas poderia ser mal interpretado como implicando uma diminuição do compromisso dos formuladores de políticas com o objetivo de inflação de 2%”.
Em entrevista coletiva após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu que o banco central havia reduzido as taxas o suficiente para se proteger contra uma deterioração mais séria no mercado de trabalho, deixando as taxas altas o suficiente para continuar a pesar sobre a inflação.
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As autoridades não tiveram o nível típico de dados econômicos devido à paralisação do governo que durou todo o mês de outubro e quase metade de novembro.
Entretanto os formuladores de política monetária observaram que novos dados poderiam ajudá-los nas próximas semanas.
“Alguns participantes que favoreceram ou poderiam ter apoiado a manutenção da faixa de meta inalterada sugeriram que a chegada de uma quantidade considerável de dados sobre o mercado de trabalho e a inflação durante o próximo período entre reuniões seria útil para julgar se uma redução da taxa era justificada”, apontou a ata.
Desde a reunião, os novos dados pouco fizeram para resolver as divisões no Fed. Em novembro, o desemprego subiu para 4,6%, seu nível mais alto desde 2021, e os preços ao consumidor aumentaram menos do que o esperado. Ambas as divulgações reforçaram o argumento dos que apoiam taxas mais baixas.
Mas a economia cresceu no terceiro trimestre a uma taxa anualizada de 4,3%, o ritmo mais rápido em dois anos, provavelmente alimentando as preocupações com a inflação para aqueles que se opuseram ao corte de dezembro.
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