Apple testa ‘Apple GPT’ e trabalha em ferramentas para alcançar a OpenAI

Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg News, a empresa do CEO Tim Cook construiu o seu próprio modelo de linguagem para competir com o ChatGPT, da OpenAI, e o Bard, do Google

Tim Cook, CEO da Apple
Por Mark Gurman
19 de Julho, 2023 | 02:29 PM

Bloomberg — A Apple (AAPL) está trabalhando silenciosamente em ferramentas de inteligência artificial que podem competir com as da OpenAI, do Google, da Alphabet (GOOGL), e de outras empresas, mas a companhia ainda não desenvolveu uma estratégia clara para lançar a tecnologia para os consumidores.

Segundo pessoas com conhecimento dos esforços ouvidas pela Bloomberg News, a fabricante do iPhone construiu seu próprio framework para criar grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) - como são conhecidos os sistemas baseados em IA no centro de novos recursos como o ChatGPT e o Bard, do Google.

Com essa base, conhecida como “Ajax”, a Apple também criou um serviço de chatbot que alguns engenheiros chamam de “Apple GPT”.

Nos últimos meses, o impulso de IA se tornou um esforço importante para a Apple, com várias equipes colaborando no projeto, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o assunto é privado.

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O trabalho inclui tentativas de abordar preocupações potenciais com privacidade relacionadas à tecnologia.

As ações da Apple subiram até 2,3% nesta quarta-feira (19), para um recorde de US$ 198,23, depois que a Bloomberg relatou o esforço de IA , se recuperando de perdas anteriores. A Microsoft (MSFT), parceira e principal apoiadora da OpenAI, caiu cerca de 1% com a notícia.

Um porta-voz da Apple, com sede em Cupertino, Califórnia, se recusou a comentar.

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ChatGPT pegou a Apple de surpresa

No último ano, a empresa foi pega de surpresa com o lançamento do ChatGPT da OpenAI, o Bard do Google e o Bing AI, da Microsoft. Embora a Apple tenha integrado recursos de IA em produtos ao longo dos anos, agora está correndo para acompanhar o mercado promissor de ferramentas gerativas, que podem criar ensaios, imagens e até mesmo vídeos com base em textos.

A tecnologia tem capturado a imaginação de consumidores e empresas nos últimos meses, levando a uma avalanche de produtos relacionados.

Receitas da Apple por divisão ou produtodfd

A Apple tem estado ausente dessa agitação. Seu principal produto de inteligência artificial, o assistente de voz Siri, estagnou nos últimos anos. No entanto, a empresa tem avançado em outras áreas de IA, incluindo melhorias nas fotos e na busca do iPhone. Também há uma versão mais inteligente do corretor automático que deve chegar aos dispositivos móveis este ano.

Publicamente, o CEO Tim Cook tem sido cauteloso em relação à inundação de novos serviços de IA que chegam ao mercado. Embora reconheça o potencial da tecnologia, ele afirmou em uma conferência em maio que ainda existem “várias questões que precisam ser resolvidas”. Ele disse que a Apple estará adicionando IA a mais de seus produtos, mas de forma “muito ponderada”.

Em uma entrevista ao programa Good Morning America, Cook afirmou que usa o ChatGPT e que é algo que a empresa está “analisando de perto”.

Nos bastidores, a Apple tem se preocupado em perder uma mudança potencialmente importante na forma como os dispositivos operam.

A IA gerativa promete transformar a forma como as pessoas interagem com telefones, computadores e outras tecnologias. E os dispositivos da Apple, que geraram receita de quase US$ 320 bilhões no último ano fiscal, podem sofrer se a empresa não acompanhar os avanços da IA.

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Por isso, a Apple começou a lançar as bases para serviços de IA com o framework Ajax, bem como uma ferramenta semelhante ao ChatGPT para uso interno. O Ajax foi criado no ano passado para unificar o desenvolvimento de aprendizado de máquina na Apple, de acordo com as pessoas familiarizadas com o esforço.

Melhorias

A empresa já implementou melhorias relacionadas à IA em busca, Siri e mapas com base nesse sistema. E o Ajax agora está sendo usado para criar grandes modelos de linguagem e servir de base para a ferramenta interna semelhante ao ChatGPT, disseram as pessoas.

O aplicativo de chatbot foi criado como um experimento no final do ano passado por uma pequena equipe de engenharia. Seu lançamento dentro da Apple foi inicialmente interrompido devido a preocupações de segurança relacionadas à IA gerativa, mas desde então foi estendido a mais funcionários.

No entanto, o sistema requer aprovação especial para o acesso. Há também um grande aviso: qualquer resultado dele não pode ser usado para desenvolver recursos destinados aos clientes.

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Mesmo assim, os funcionários da Apple o estão usando para auxiliar no prototipagem de produtos. Ele também resume textos e responde a perguntas com base nos dados com os quais foi treinado.

A Apple não é a única a adotar essa abordagem. A Samsung Electronics e outras empresas de tecnologia desenvolveram suas próprias ferramentas internas semelhantes ao ChatGPT depois que surgiram preocupações sobre serviços de terceiros vazando dados sensíveis.

Produto não é destinado ao público

Funcionários da Apple dizem que a ferramenta da empresa essencialmente replica o Bard, o ChatGPT e o Bing AI, e não inclui recursos ou tecnologia novos. O sistema é acessível como um aplicativo da web e tem um design simplificado que não é destinado ao público.

Portanto, a Apple não tem planos atuais de lançá-lo para os consumidores, embora esteja trabalhando ativamente para melhorar seus modelos subjacentes.

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Além da tecnologia, a Apple ainda está tentando determinar a abordagem do consumidor para a IA gerativa.

Atualmente, a empresa está trabalhando em várias iniciativas relacionadas - um esforço conjunto entre seus grupos de inteligência artificial e engenharia de software, bem como a equipe de engenharia de serviços em nuvem que forneceria a infraestrutura para quaisquer novos recursos significativos.

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Embora a empresa ainda não tenha um plano concreto, pessoas familiarizadas com o trabalho acreditam que a Apple pretende fazer um anúncio importante relacionado à IA no próximo ano.

John Giannandrea, chefe de aprendizado de máquina e IA da empresa, e Craig Federighi, executivo-chefe de engenharia de software da Apple, estão liderando os esforços. Mas eles não apresentaram uma frente unificada dentro da Apple, disseram as pessoas.

Giannandrea indicou que deseja adotar uma abordagem mais conservadora, querendo ver como os recentes desenvolvimentos de outras empresas evoluem.

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Na mesma época em que começou a desenvolver suas próprias ferramentas, a Apple realizou um teste corporativo da tecnologia da OpenAI. A empresa também avaliou assinar um contrato maior com a OpenAI, que licencia seus serviços para a Microsoft, Shutterstock e Salesforce (CRM).

O sistema Ajax da Apple é construído sobre o Google Jax, o framework de aprendizado de máquina do gigante das buscas. O sistema da Apple roda na Google Cloud, que a empresa utiliza para fornecer serviços em nuvem junto com sua própria infraestrutura e a AWS da Amazon (AMZN).

Como parte de seus esforços recentes, a Apple está buscando contratar mais especialistas em IA gerativa. Em seu site, está anunciando vagas para engenheiros com “um sólido entendimento de grandes modelos de linguagem e IA gerativa” e promete trabalhar para aplicar essa tecnologia na maneira como “as pessoas se comunicam, criam, conectam e consomem mídia” nos iPhones e em seus outros dispositivos.

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Um local ideal para a Apple integrar sua tecnologia LLM seria dentro do Siri, permitindo que o assistente de voz execute mais tarefas em nome dos usuários. Apesar de ter sido lançado em 2011, antes de sistemas concorrentes, o Siri ficou para trás dos concorrentes enquanto a Apple se concentrou em outras áreas e adotou menos recursos em favor da privacidade.

Em seus comentários de maio, Cook defendeu a estratégia de IA da empresa, afirmando que a tecnologia é usada em grande parte da linha de produtos, incluindo recursos como detecção de acidentes de carro e quedas. Mais recentemente, Cook afirmou que os LLMs têm “grande potencial”, mas alertou sobre a possibilidade de viés e desinformação. Ele também pediu por diretrizes e regulamentação no espaço.

A empresa expandiu seus esforços de inteligência artificial em 2018 com a contratação de Giannandrea, que anteriormente liderou a busca e a IA do Google. Desde então, a Apple não lançou muitos recursos novos de IA, mas pelo menos duas iniciativas podem ajudá-la a ganhar destaque.

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A empresa está planejando um novo serviço de coaching de saúde, chamado Quartz, que depende de dados de um Apple Watch e usa IA para personalizar planos, conforme relatado pela Bloomberg em abril. Além disso, o carro elétrico futuro da empresa usará inteligência artificial para alimentar as capacidades de direção autônoma do veículo.

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