Americanos estão perto de esgotar excesso de poupança da pandemia, aponta estudo

Pesquisa realizada por economistas do Federal Reserve de São Francisco estima que recursos acumulados com estímulos devem se esgotar neste terceiro trimestre

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Bloomberg — O excesso de poupança que as famílias americanas acumularam durante a pandemia deve se esgotar no atual trimestre, segundo pesquisa da regional do Federal Reserve em São Francisco. Isso remove um apoio fundamental para os gastos do consumidor que impulsionou a economia dos Estados Unidos neste ano.

“Nossas estimativas atualizadas sugerem que as famílias detinham menos de US$ 190 bilhões em excesso de poupança agregada até junho”, disseram os pesquisadores Hamza Abdelrahman e Luiz Oliveira em uma publicação no site da instituição.

“Há uma incerteza considerável nas perspectivas, mas estimamos que essas economias em excesso provavelmente se esgotarão durante o terceiro trimestre de 2023.”

No início deste ano, Abdelrahman e Oliveira publicaram uma pesquisa estimando que US$ 500 bilhões em excesso de poupança permaneceram nos orçamentos das famílias em março de 2023, após atingir US$ 2,1 trilhões em agosto de 2021.

Mas as revisões dos dados do governo desde então mudaram o cenário.

“O Bureau of Economic Analysis revisou recentemente suas estimativas anteriores e mostrou que a renda disponível das famílias era menor e o consumo pessoal era maior do que o relatado anteriormente para o quarto trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023″, disse a dupla.

Segundo a maioria dos especialista, o excesso de poupança acumulada durante a pandemia ajudou a economia dos EUA a desafiar continuamente as previsões de recessão este ano, mesmo diante do ciclo mais agressivo de aumentos de juros em várias décadas.

Em sua reunião de política monetária de julho, os dirigentes do Fed reconheceram esse impulso, ao mesmo tempo em que sugeriram que a dinâmica poderia desaparecer em breve, de acordo com a ata do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) publicada nesta quarta-feira (16).

“Espera-se que as condições financeiras apertadas, refletindo principalmente o efeito cumulativo da mudança do comitê para uma política restritiva, contribuam para um crescimento mais lento do consumo no próximo período”, disse a ata.

“Os participantes citaram outros fatores que provavelmente levaram a, ou pareciam consistentes com, uma desaceleração no consumo, incluindo o declínio do excesso de poupança, suavização das condições do mercado de trabalho e sensibilidade maior aos preços por parte dos clientes”.

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