Ações globais voltam operar em alta com maior expectativa de corte de juros nos EUA

“A questão é se as más notícias são, de fato, más notícias (desaceleração da economia) ou boas notícias (Fed caminhando para cortar juros)”, disse Mohit Kumar, economista-chefe do Jefferies

NO RADAR DOS MERCADOS
05 de Agosto, 2025 | 06:47 AM

Bloomberg — As ações globais voltaram a operar em alta nesta terça-feira (5), impulsionadas pelas apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve, além de resultados corporativos robustos.

Na Europa, o índice Stoxx Europe 600 subiu pelo segundo dia consecutivo.

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A BP avançou após divulgar lucro acima do esperado e também uma recompra de ações, enquanto a empresa de logística DHL Group, a fabricante de bebidas Diageo e a fabricante de semicondutores Infineon Technologies também tiveram ganhos com resultados fortes.

Os futuros do S&P 500 operavam em leve alta após o índice registrar seu maior avanço desde maio, com investidores aproveitando as quedas da semana passada para comprar ações descontadas.

A Palantir Technologies subia mais de 5% no pré-mercado depois de divulgar lucro acima do esperado e elevar suas projeções.

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Os traders vêm aumentando as apostas em cortes de juros pelo Fed após o fraco relatório de emprego de sexta-feira, que derrubou as ações e impulsionou fortemente os preços dos títulos.

As bolsas se recuperaram das mínimas de abril, impulsionadas pela crescente convicção de que as empresas americanas podem suportar o impacto das tarifas e de que o Fed atuará para evitar uma recessão.

“Parece que este é um mercado em alta que simplesmente não pode ser contido por muito tempo, mesmo que minha convicção nesse cenário tenha sido um pouco abalada”, disse Michael Brown, estrategista sênior da Pepperstone.

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“Parece que tudo o que os investidores otimistas precisavam era de uma pausa no fim de semana para encontrar um motivo para comprar na baixa.”

Ações de companhias do Stoxx 600 que não atingiram as expectativas de lucro ficam atrás do índice de referência.

Os rendimentos dos Treasuries caíram ao longo da curva, com a taxa do título de 10 anos subindo dois pontos-base, para 4,21%. Um índice do dólar avançou.

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O petróleo estabilizou após três dias de queda, à medida que investidores avaliam os riscos ao fornecimento da Rússia, com o presidente dos EUA, Donald Trump, aumentando a ameaça de punir a Índia por comprar petróleo russo. As ações indianas caíram 0,3% e a rupia se desvalorizou.

A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que o momento de cortar os juros está se aproximando, diante de evidências crescentes de enfraquecimento do mercado de trabalho e da ausência de sinais de inflação persistente impulsionada por tarifas, segundo a Reuters.

O mercado monetário já precifica mais de 80% de chance de um corte de 25 pontos-base na próxima reunião do Fed e uma probabilidade de um em três para outro corte até o fim do ano.

Em outra ponta, um coro de estrategistas das maiores instituições de Wall Street vem alertando os clientes para se prepararem para uma correção nas ações americanas, já que as valorizações colidem com dados econômicos cada vez mais fracos.

Na segunda-feira, Morgan Stanley, Deutsche Bank e Evercore ISI alertaram que o índice S&P 500 deve registrar uma queda no curto prazo, nas próximas semanas e meses. As previsões ocorrem após um rali intenso desde as mínimas de abril, que levou o índice a níveis nunca antes vistos.

“A questão é se as más notícias são, de fato, más notícias (desaceleração da economia) ou boas notícias (Fed caminhando para cortar juros)”, disse Mohit Kumar, economista-chefe do Jefferies, que mantém uma visão otimista para ativos de risco no médio prazo.

“Um enfraquecimento moderado da economia seria uma boa notícia, pois aumentaria as chances de mais estímulos por parte do Fed. No entanto, uma alta acentuada e persistente do desemprego seria negativa, pois traria preocupações com o crescimento e os lucros.”

Veja a seguir outros destaques desta manhã de terça-feira (5 de agosto):

- Diageo mantém projeções. A fabricante de bebidas decidiu manter o guidance de crescimento nas vendas e anunciou uma ampliação do programa de corte de custos para US$ 625 milhões. O desempenho foi impulsionado pela demanda de consumidores jovens e apesar da queda de consumo nos EUA, na China e na Alemanha.

- BP colhe frutos. A empresa superou rivais como Shell e TotalEnergies no trading de petróleo ao adotar operações de curto prazo durante um trimestre marcado por alta volatilidade. A estratégia ajudou a companhia a lidar melhor com oscilações causadas por tarifas de Trump e tensões no Oriente Médio.

- Amazon muda rota sobre podcasts. A big tech reestruturou sua divisão de podcasts e demitiu cerca de 110 funcionários, incluindo a CEO da divisão Jen Sargent. As produções serão integradas à Audible ou à nova equipe de “serviços para criadores”, refletindo a mudança do setor para podcasts com foco em vídeo.

Ações globais 05/08/25
🔘 As bolsas ontem (04/08): Dow Jones Industrials (+1,34%), S&P 500 (+1,47%), Nasdaq Composite (+1,95%), Stoxx 600 (+0,90%), Ibovespa (+0,40%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.