Uruguai lidera, México retrocede: o Estado de Direito na América Latina em 2025

Este é o primeiro ano com ‘mais países em declínio e menos com melhora’ globalmente, de acordo com um relatório do World Justice Project

Este é o primeiro ano com ‘mais países em declínio e menos com melhora’ globalmente, de acordo com um relatório do World Justice Project
31 de Outubro, 2025 | 10:00 AM

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Bloomberg Línea — O mundo vive uma deterioração do Estado democrático de Direito, o regime político que governa as democracias. E a América Latina não é exceção, com recuo de países como o México.

O Rule of Law Index 2025, produzido pelo World Justice Project (WJP), constatou que 68% dos países sofreram um declínio no Estado de Direito, em comparação com 57% no ano passado.

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“A deterioração constante do Estado de Direito diminuiu nos últimos anos. Entretanto, em 2025, observamos uma mudança substancial: mais países estão em declínio e menos estão melhorando”, disse o diretor executivo do WJP, Alejandro Ponce.

O índice classifica o Estado de Direito em 143 países em oito itens: limites ao poder do governo, ausência de corrupção, governo aberto, direitos fundamentais, ordem e segurança, conformidade regulatória, justiça civil e justiça criminal.

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A pontuação mais baixa é 0 e a mais alta é 1. Para calculá-lo, o índice baseia-se em avaliações de 215.000 famílias e 4.100 pesquisas com especialistas jurídicos em todo o mundo.

O maior declínio global em 2025 ocorreu na Rússia, com uma queda de 4,9% em sua classificação de Estado de Direito. Em seguida, vêm Sudão (-4,4%), Moçambique (-3,9%) e Togo (-2,9%), além de México (-2,8%) e Estados Unidos (-2,8%).

A boa notícia para a América Latina e o Caribe é que um de seus países apresentou a maior melhoria global: a República Dominicana (2,1%). Os cinco primeiros foram completados por Senegal (1,6%), Serra Leoa (1,4%), Bangladesh (1,4%) e Gabão (1,3%).

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De modo geral, “a expansão das tendências autoritárias - especialmente a redução do espaço cívico e o enfraquecimento dos freios e contrapesos - foi a principal causa desse retrocesso, com declínios significativos nos fatores que medem os limites do poder do governo, a abertura do governo e os direitos fundamentais”, diz o relatório.

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América Latina

A pontuação da América Latina em relação à adesão ao Estado de Direito é de 0,51, um valor melhor do que o de outras regiões, como o Oriente Médio e o Norte da África (0,50), bem como o Sul da Ásia (0,43) e a África Subsaariana (0,45).

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A pontuação da região, no entanto, é inferior à dos Estados Unidos e da União Europeia (0,73).

O Uruguai é o país com o melhor índice de Estado de Direito na América Latina e no Caribe, com 0,72, quase o mesmo que o da União Europeia. O top 5 é completado por Costa Rica (0,68), Barbados (0,66), Chile (0,66) e Antígua e Barbuda (0,64).

O Brasil aparece em sexto lugar, próximo à média da região, com índice de 0,50.

As piores posições são ocupadas pela Venezuela (0,26), Haiti (0,32) e Nicarágua (0,33), ou seja, dois países sob regimes autoritários e um subjugado por gangues. Em seguida, vêm a Bolívia (0,37) e o México (0,40).

El Salvador, que tem sido examinado pela concentração de poder em torno do presidente Nayib Bukele, tem um índice de 0,42, um pouco melhor do que o do México e semelhante ao de outros países da América Central, como Guatemala e Honduras.

Veja abaixo a lista completa:

América Latina:

  • Uruguai: 0,72
  • Costa Rica: 0,68
  • Chile: 0,66
  • Argentina: 0,54
  • Panamá: 0,52
  • Brasil: 0,50
  • Guiana: 0,50
  • Belize: 0,50
  • Suriname: 0,49
  • Peru: 0,48
  • Colômbia: 0,47
  • Equador: 0,46
  • Paraguai: 0,45
  • Guatemala: 0,44
  • El Salvador: 0,42
  • Honduras: 0,41
  • México: 0,40
  • Bolívia: 0,37
  • Nicarágua: 0,33
  • Venezuela: 0,26

Caribe

  • Barbados: 0,66
  • Antígua e Barbuda: 0,64
  • São Cristóvão e Névis: 0,63
  • São Vicente e Granadinas: 0,62
  • Santa Lúcia: 0,62
  • Granada: 0,60
  • Las Bahamas: 0,58
  • Dominica: 0,58
  • Jamaica: 0,57
  • Trinidad e Tobago: 0,51
  • República Dominicana: 0,50
  • Haiti: 0,32