Trump retira tarifas de 40% sobre café, suco de laranja e carne bovina do Brasil

Medida retroativa a 13 de novembro pode reduzir preços de alimentos nos EUA; recuo marca vitória para Lula, que pressionava pela retirada das tarifas impostas em retaliação ao julgamento de Bolsonaro

Trump dice haber logrado “avances” en la lucha contra el narcotráfico procedente de Venezuela
Por Josh Wingrove - Augusta Saraiva
20 de Novembro, 2025 | 07:57 PM

Bloomberg — O presidente Donald Trump ampliou as isenções de tarifas para produtos alimentícios do Brasil, estendendo o alívio das taxas de importação em meio ao crescente descontentamento dos eleitores dos Estados Unidos com o custo de vida.

Uma ordem executiva assinada por Trump nesta quinta-feira (20) isenta dezenas de alimentos populares da tarifa de 40% que ele havia imposto sobre produtos do Brasil em agosto deste ano.

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Na semana passada, o presidente já havia retirado uma tarifa de 10% sobre esses itens, mas não incluiu inicialmente a alíquota mais alta de 40%, que tinha como objetivo punir o país pelo julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

As mudanças valem retroativamente a 13 de novembro. Um porta-voz do governo brasileiro afirmou que a medida está sendo analisada.

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A decisão pode ajudar a reduzir especialmente os preços do café, do suco de laranja e da carne bovina, aliviando a pressão sobre os americanos que têm enfrentado despesas elevadas no supermercado e atribuído a Trump avaliações cada vez piores pela forma como conduz a economia.

O Brasil é o maior exportador mundial de café e carne bovina. Antes da adoção das tarifas, o país era o maior fornecedor de café para os Estados Unidos. As exportações de carne bovina brasileira aos Estados Unidos também vinham crescendo antes das tarifas, em razão de uma escassez de gado que afetou a indústria americana.

As tarifas sobre esses produtos brasileiros agravaram a escassez já existente nos dois mercados, o que levou os preços ao consumidor a níveis recordes.

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O recuo representa uma vitória significativa para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo vinha tentando convencer Trump a derrubar as tarifas.

O Brasil enfrentava tarifas de 50% havia meses, depois que Trump elevou as taxas acima da alíquota geral de 10% como parte de um esforço para interromper o julgamento de Bolsonaro, aliado de Trump, por acusações de tentativa de golpe.

Conversas de alto nível entre os dois países foram retomadas depois de um breve encontro entre Trump e Lula em Nova York, em setembro.

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Os dois líderes se reuniram no mês passado na Malásia, onde Lula pediu a Trump que eliminasse as tarifas e retirasse sanções impostas a autoridades brasileiras. O presidente brasileiro afirmou depois que esperava uma “solução definitiva” com os Estados Unidos em breve.

Ao contrário de muitos países alvo das tarifas de Trump, o Brasil costuma registrar déficit comercial anual com os Estados Unidos — ponto que Lula tem enfatizado repetidamente.

A decisão desta quinta-feira é a medida mais recente do governo para lidar com as preocupações das famílias americanas com o custo de vida, após eleições realizadas neste mês em que os republicanos perderam disputas importantes, com a inflação no centro do debate.

A mudança também representa um reconhecimento tácito de que a ampla agenda tarifária do presidente ajudou a pressionar os preços ao consumidor.

Integrantes do governo têm defendido as isenções como alinhadas à estratégia mais ampla de Trump, afirmando que o presidente apenas cria exceções para produtos que não são produzidos em quantidade suficiente dentro dos Estados Unidos, após firmar acordos comerciais com grandes parceiros.

“O que aconteceu foi que o presidente disse: olha, já se passaram seis meses. É hora. Vamos zerar tudo. Se as pessoas não fecharam acordos com esses países menores, tudo bem. Vamos reduzir o preço de todos esses recursos naturais indisponíveis e focar na questão da acessibilidade”, afirmou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, em entrevista mais cedo à Fox Business Network.

“O presidente vai se concentrar nas pequenas coisas que afetam o bolso dos americanos — e vai reduzir todas elas”, acrescentou Lutnick.

-- Atualizada às 20h17 para incluir mais informações.

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