Trump anuncia tarifas de 30% sobre União Europeia e México a partir de agosto

Presidente americano comunicou neste sábado as sobretaxas em cartas enviadas aos respectivos líderes, em novo capítulo de escalada de sua guerra tarifária, contra dois importantes parceiros comerciais com o qual seu governo estava em negociação

Donald Trump continua a pressionar parceiros comerciais importantes a despeito de negociações em curso (Foto: Tasos Katopodis/Getty Images)
Por Kevin Whitelaw
12 de Julho, 2025 | 10:14 AM

Bloomberg — O presidente Donald Trump lançou seus mais recentes ultimatos tarifários, declarando uma tarifa de 30% tanto para o México como para a União Europeia, enquanto sua agenda comercial continua a deixar aliados em desequilíbrio e injeta incerteza nos mercados financeiros globais.

Trump fez o anúncio em duas cartas postadas nas redes sociais neste sábado (12), ao informar parceiros comerciais-chave sobre as novas tarifas que entrarão em vigor em 1º de agosto, caso não consigam negociar termos melhores.

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Ele passou a semana enviando cartas a diversos países, como o Brasil, ajustando os níveis tarifários propostos em abril e convidando os parceiros comerciais a negociarem mais.

Leia mais: O impacto das tarifas de Trump ao Brasil por setores e empresas, na visão do mercado

A UE esperava concluir um acordo preliminar para evitar a tarifa, mas a carta de Trump reduziu o otimismo quanto a um acordo de última hora entre as principais economias.

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“A União Europeia permitirá acesso completo e aberto ao mercado dos Estados Unidos”, disse Trump, ou “qualquer que seja o número que você escolher para aumentar, será somado aos 30% que cobramos.”

Na carta ao México, Trump disse que o país tem “me ajudado a proteger a fronteira”, mas acrescentou que isso não era suficiente.

“O México ainda não parou os cartéis que estão tentando transformar toda a América do Norte em um parque de diversões do narcotráfico. Obviamente, não posso permitir que isso aconteça!” disse Trump na carta à presidente mexicana Claudia Sheinbaum.

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México volta à mira

Os EUA não pretendem aplicar a alíquota de 30% aos produtos em conformidade com o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla inglês), de acordo com um funcionário da Casa Branca. A situação continua fluida, advertiu o funcionário. O governo já havia dito anteriormente que manteria a isenção para o Canadá.

A manutenção da exclusão para o México e o Canadá reduz o escopo das tarifas continentais de Trump e seria uma tábua de salvação para setores como a indústria automobilística, que dependem fortemente do pacto USMCA renegociado durante o primeiro mandato de Trump.

O presidente dos EUA disse que as tarifas de 30% são separadas das tarifas setoriais e podem ser aumentadas se o México retaliar.

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“Se o México for bem-sucedido em desafiar os cartéis e interromper o fluxo de fentanil, consideraremos um ajuste a esta carta.”

Ele disse que o México tem muitas outras barreiras comerciais não tarifárias que criaram um déficit comercial “insustentável” com os EUA.

Pouco antes das ameaças de Trump, os dois países haviam criado um novo grupo de trabalho binacional na sexta-feira (11) para tratar de questões de segurança, migração e econômicas, de acordo com uma declaração publicada no sábado pelo ministro da Economia mexicano, Marcelo Ebrard, no X.

A primeira grande tarefa do grupo será encontrar uma alternativa para as tarifas e “proteger os empregos em ambos os lados da fronteira”, diz a declaração.

“Dissemos ao grupo que esse tratamento [com as novas tarifas] é injusto e que não estamos de acordo”, diz a declaração, assinada em conjunto pelos ministérios da Economia e das Relações Exteriores.

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