Semana de trabalho mais curta: México quer reduzir jornada para 40 horas semanais

O secretário do Trabalho do país, Marath Bolaños, afirmou que a redução da jornada de trabalho, se aprovada, será gradual, das atuais 48 horas até atingir 40 horas semanais em janeiro de 2030

México é a mais recente grande economia a buscar uma jornada de trabalho menos exaustiva
02 de Maio, 2025 | 10:52 AM

Bloomberg Línea — O governo da presidente Claudia Sheinbaum anunciou a implementação da semana de trabalho de 40 horas no México, mas de forma gradual ao longo de seis anos, com o objetivo de abrir espaço para o debate sobre a reforma trabalhista.

Sheinbaum se reuniu no Palácio Nacional com líderes sindicais de diferentes centrais trabalhistas para comemorar o Dia Internacional do Trabalho (1 de maio), ocasião em que o secretário do Trabalho, Marath Bolaños, foi o encarregado de anunciar a decisão da presidente de promover tal reforma.

PUBLICIDADE

O secretário do Trabalho afirmou que a jornada semanal será reduzida de forma progressiva, passando das atuais 48 horas previstas na Lei Federal do Trabalho (LFT) até alcançar 40 horas semanais, o mais tardar em janeiro de 2030.

Leia mais: Espanha propõe reduzir a jornada semanal de trabalho sem apoio do setor privado

A deputada do partido Morena e ativista sindical Susana Prieto propôs no segundo semestre de 2023 uma reforma da Lei do Trabalho para reduzir de 48 para 40 horas a semana de trabalho; mas sua proposta enfrentou resistência e não conseguiu os consensos necessários para ser aprovada no Congresso.

PUBLICIDADE

Em 1º de dezembro de 2023, o magnata mexicano Carlos Slim não apoiou a reforma trabalhista para reduzir a jornada, argumentando que menos horas trabalhadas significariam menores rendimentos para os trabalhadores.

Duas semanas depois de Slim declarar sua posição sobre a reforma, o ex-presidente Andrés Manuel López Obrador sugeriu ao Congresso adiar a aprovação da medida e abrir espaço para discussão e análise dos impactos da redução da jornada no país.

A redução da jornada para 40 horas foi um compromisso incorporado por Sheinbaum em suas 100 promessas de campanha rumo à presidência.

PUBLICIDADE

Leia mais: Reduzir a jornada de trabalho ignora a realidade da informalidade em LatAm

Em seu breve discurso aos líderes sindicais, Sheinbaum afirmou que seu governo busca que a reforma trabalhista para diminuir a carga horária ocorra por meio do consenso. Por isso, a partir de agora, serão abertas mesas de trabalho para que empresários e trabalhadores cheguem a acordos.

Algumas empresas mexicanas já estão se preparando para a mudança.

PUBLICIDADE

O Walmart do México (Walmex), maior rede de supermercados do país, está realizando um projeto-piloto em 100 lojas.

Até o momento, os aprendizados estão permitindo à empresa compreender o impacto da mudança e como mitigá-lo com o uso de tecnologia ou melhorias nos processos, revelaram executivos em uma ligação com analistas e investidores.

A Secretaria do Trabalho convocará diferentes setores — trabalhadores, empresários e acadêmicos — para dialogar entre 2 de junho e 7 de julho de 2025, em fóruns organizados em diversas cidades do país, com o objetivo de construir uma proposta para a transição gradual rumo à semana de trabalho de 40 horas.

O objetivo é, de forma coletiva, construir um modelo que atenda à demanda por menos horas de trabalho sem que isso implique em perda de produtividade ou redução do valor gerado.

A reforma já havia sido discutida em formato de Parlamento Aberto no Congresso no final de 2023, com a intenção de aprová-la em novembro daquele ano.

No entanto o calendário eleitoral e as prioridades legislativas do então presidente AMLO (como é conhecido Andrés Manuel López Obrador) postergaram o debate por quase dois anos.

Leia também

‘Tenho apenas 85 anos’: Carlos Slim fala do futuro de seu império de US$ 82 bilhões

Zenyazen Flores

Jornalista mexicana especializada em finanças públicas e mercado de trabalho com mais de 10 anos de experiência. Já colaborou com mídias multiplataforma, como El Financiero Bloomberg e Grupo Milenio. É coautora do livro “Ayotzinapa. La Travesía de las Tortugas”.