Bloomberg — Negociadores britânicos e da União Europeia chegaram a um acordo durante a noite para fortalecer seu relacionamento depois que o Reino Unido concordou em estender os direitos de pesca até 2038, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões e documentos vistos pela Bloomberg News.
Os direitos recíprocos dão às equipes de pesca europeias acesso às águas do Reino Unido e podem ser politicamente arriscados para o primeiro-ministro Keir Starmer, que enfrenta uma ameaça eleitoral do partido Reformista de Nigel Farage.
Em troca, o Reino Unido desbloqueou acordos sobre padrões alimentares e agrícolas para remover a grande maioria dos controles de fronteira com a UE, bem como sobre cooperação energética.
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Starmer chegou à Lancaster House, em Londres, na manhã de segunda-feira, onde recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O governo trabalhista se comprometeu a melhorar os níveis de crescimento da Grã-Bretanha e considera a redução das barreiras comerciais com a UE crucial para os exportadores.
Alguns economistas calcularam que um alinhamento mais próximo no comércio poderia dar à Chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, um impulso de £ 10 bilhões (US$ 13,4 bilhões) no próximo orçamento.
No entanto, a pesca é uma questão totêmica no Reino Unido, apesar de representar apenas 0,04% do PIB, e o acordo de Starmer corre o risco de reacender as tensões vistas pela última vez durante as negociações do Brexit.
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“O acesso de 12 anos às águas britânicas é três vezes mais longo do que o governo queria”, escreveu a líder conservadora Kemi Badenoch no X, referindo-se a relatos anteriores de uma extensão de quatro anos. “Estamos nos tornando mais uma vez um tomador de regras de Bruxelas”.
Farage, por sua vez, disse à Bloomberg News que o acordo de pesca “será o fim do setor”.
Do outro lado do debate, Stuart Rose - um veterano chefe do setor de varejo e membro do Partido Conservador que fez campanha contra o Brexit - disse que era “patético” que alguns conservadores estivessem chamando o acordo de rendição britânica.
“Não deveríamos estar falando sobre o que estamos abrindo mão”, disse Rose à Times Radio. “Deveríamos estar falando de oportunidade, oportunidade, oportunidade”.
As equipes de negociação chegaram a um texto por volta das 2h da manhã, horário europeu, na segunda-feira e, embora o rascunho ainda precise ser aprovado pelos líderes políticos de ambos os lados, não são esperadas grandes objeções, disseram as pessoas, pedindo para não serem citadas, discutindo conversas privadas.
O acordo inclui três textos: uma parceria de defesa e segurança, uma declaração conjunta sobre o trabalho conjunto em desafios geopolíticos, como a guerra da Rússia na Ucrânia, e um “entendimento comum” sobre uma série de outras questões.
Alinhamento
Em troca do acordo de pesca de longo prazo, a UE retirou seu pedido de limitar o tempo de um acordo sobre padrões alimentares.
Em vez disso, os dois lados trabalharão em prol de uma “Área Sanitária e Fitossanitária Comum”, conhecida como SPS, bem como de um acordo sobre energia.
O Reino Unido terá que se alinhar dinamicamente com muitas regras relevantes da UE e aceitar o papel do Tribunal de Justiça Europeu como árbitro final das leis do bloco.
O Reino Unido também trabalhará para aderir ao programa de intercâmbio de estudantes Erasmus+ da UE e a um esquema de visto para jovens com tempo limitado, que “deve oferecer um caminho de visto dedicado e garantir que o número total de participantes seja aceitável para ambas as partes, em uma vitória para a UE”, de acordo com um dos documentos.
A UE removerá as barreiras para permitir que os visitantes britânicos usem os portões eletrônicos dentro da UE e trabalhará para facilitar as viagens dos artistas, diz o mesmo esboço.
O que diz a Bloomberg Economics:
“Ambos os lados parecem dispostos a manter suas posições atuais no futuro próximo - o que significa que as perspectivas de uma relação econômica mais integrada provavelmente permanecerão limitadas após a cúpula.”
- Antonio Barroso e Dan Hanson. Para ler a nota completa, clique aqui.
Defesa
Como parte do pacto de defesa e segurança de segunda-feira, a UE e o Reino Unido estabelecerão uma plataforma para que os dois lados trabalhem juntos em várias áreas, incluindo compartilhamento de informações, segurança marítima e espacial.
Crucialmente para a Grã-Bretanha, o bloco se compromete a explorar rapidamente maneiras de permitir o acesso do Reino Unido aos fundos de defesa de compras conjuntas da UE.
“A Parceria de Segurança e Defesa será baseada em mecanismos de diálogo e consulta para facilitar a troca de informações, bem como a direção e a supervisão de sua implementação”, diz o acordo.
A colaboração abrangerá questões regionais e globais, com os dois lados também comprometidos em trabalhar juntos para aumentar a mobilidade militar, combater ameaças cibernéticas, tornar suas infraestruturas críticas mais resistentes e cooperar em questões de segurança econômica, como o excesso de capacidade global de aço.
Uma declaração conjunta alcançada nas primeiras horas da manhã de segunda-feira se estendeu por seis páginas, reiterando o apoio à guerra da Ucrânia contra a Rússia.
O documento afirma que os secretários de relações exteriores e de defesa do Reino Unido manterão diálogos políticos com o Alto Representante da UE a cada seis meses.
“Estamos comprometidos em garantir a total responsabilização por crimes de guerra e outros crimes graves cometidos em conexão com a guerra de agressão da Rússia”, disse o documento.
Em relação à migração, uma das principais preocupações de Starmer em meio à ameaça eleitoral da Reforma do Reino Unido, a declaração disse que ambos os lados reconhecem a necessidade de trabalhar “com os países de origem e de trânsito, e para evitar travessias irregulares do Canal”.
Na semana passada, o primeiro-ministro disse que seu governo estava em conversações com vários países que poderiam receber requerentes de asilo que não conseguiram obter êxito.
--Com a ajuda de Tom Rees.
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