Bloomberg Línea — O investimento estrangeiro direto na América Latina e no Caribe (IED) totalizou US$ 188,962 bilhões no ano passado, um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior, sendo os EUA, de longe, seu principal parceiro, de acordo com um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Os países que receberam a maior parte dos fluxos de IED no ano passado foram o Brasil (responsável por 38% do total) e o México (24%), seguidos pela Colômbia, Chile e Argentina.
“A região ainda precisa melhorar suas políticas de atração de IED e articulá-las com suas políticas de desenvolvimento produtivo, de modo a aumentar o nível de IED que chega à região, mas também seu impacto nas economias anfitriãs”, concluiu a Cepal.
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Enquanto o Brasil (13,8%) e o México (47,9%) registraram aumentos nos fluxos de IED, a Colômbia, o Chile e a Argentina registraram níveis mais baixos no ano passado em comparação com 2023.
“Acreditamos que a América Latina e o Caribe devem aproveitar o investimento estrangeiro direto para alcançar um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável”, disse José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário executivo da Cepal, em um comunicado. “Para isso, será fundamental usar o IED como uma ferramenta estratégica dentro das políticas de desenvolvimento produtivo”.
A Cepal disse que isso permite determinar quais instrumentos e ferramentas podem ser usados para atrair e maximizar o impacto dos investimentos nos países e em seus territórios.
Também ajuda a determinar quais mecanismos de governança das instituições ligadas ao desenvolvimento produtivo e à atração de investimentos podem ser mais eficazes.
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Os fluxos de IED cresceram no Caribe, na América Central e no México, mas na América do Sul os resultados “foram mistos”, de acordo com a Cepal.
De acordo com a agência, o aumento do investimento estrangeiro em 2024 se deve principalmente ao fato de as empresas já estabelecidas na região reinvestirem seus lucros.
Por outro lado, a chegada de novas empresas continua baixa, demonstrando pouco interesse em se estabelecer na América Latina.
Embora os anúncios de novos projetos tenham crescido, isso se deve principalmente ao impulso dos hidrocarbonetos, enquanto os setores de energia renovável e tecnologia perderam destaque.
“Embora o quadro entre os países seja heterogêneo, em nível regional, os influxos de capital estão no segundo nível mais baixo desde 2010, os anúncios de projetos cresceram devido ao forte impulso do aumento dos investimentos em hidrocarbonetos, e a energia renovável e os setores mais intensivos em tecnologia perderam participação”, diz o documento.
Investimento por setor e por país
Em 2024, o investimento estrangeiro direto (IED) em manufatura aumentou para 43,6% do total, enquanto no setor de serviços diminuiu para 40,4%, deixando ambos com um peso semelhante.
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Os recursos naturais tiveram a menor participação, com apenas 16% do total regional.
Os Estados Unidos consolidaram sua posição como o maior investidor na América Latina e no Caribe, com 38% do valor investido.
A participação da União Europeia (excluindo Luxemburgo e a Holanda) caiu para 15%, seu nível mais baixo desde 2012.
Os investimentos da América Latina e do Caribe representaram 12%, classificando-se como a terceira maior origem.
Quanto à China, sua participação foi de apenas 2%.
No entanto, a Cepal ressalta que grande parte de seus investimentos não está refletida nas estatísticas oficiais, pois muitos deles entram por meio de terceiros países ou são feitos por meio de compras de ativos ou contratos existentes que não se qualificam como IED tradicional.
Atrair mais investimentos
No relatório, a Cepal recomenda o fortalecimento das capacidades institucionais, operacionais, políticas e prospectivas para uma gestão mais eficaz do investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina e no Caribe.
Isso inclui o aprimoramento das entidades responsáveis pela atração de investimentos, o alinhamento do IED com as políticas de desenvolvimento produtivo, a criação de ferramentas para aumentar seu impacto positivo e a avaliação e o monitoramento dos incentivos.
A organização também sugere a definição de setores prioritários, o treinamento de talentos humanos, o acompanhamento dos investidores após sua chegada e o incentivo ao intercâmbio de práticas recomendadas.
Ele também destaca a importância de recursos adequados, sistemas de informação, mecanismos de governança de alto nível e estratégias para diversificar as fontes de investimento e prever cenários futuros.