Novo chefe do BIS alerta contra ameaças à independência dos bancos centrais

Em meio a pressões de Trump contra o Fed, o espanhol Pablo Hernandez de Cos diz que a autonomia permite aos BCs tomarem decisões ‘com base em considerações econômicas de interesse público de longo prazo’; BIS é conhecido como o ‘banco central dos bancos centrais’

Pablo Hernandez de Cos
Por Mark Schroers
26 de Agosto, 2025 | 04:51 PM

Bloomberg — A independência dos bancos centrais é crucial para manter a inflação sob controle e contribuir para o bem-estar das pessoas, de acordo com o novo diretor do Bank for International Settlements (Banco de Compensações Internacionais ou BIS, na sigla em inglês), instituição que é conhecida como o “banco central dos bancos centrais”.

A autonomia permite que os formuladores de política monetária tomem decisões “com base em considerações econômicas de interesse público de longo prazo, livres de interferência política de curto prazo”, disse o diretor geral Pablo Hernandez de Cos na terça-feira (26), na Cidade do México.

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Em seu primeiro discurso desde que assumiu o cargo, o ex-oficial do Banco Central Europeu enfatizou que a independência também “protege os bancos centrais das pressões para usar a política monetária para financiar os déficits orçamentários do governo”.

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Os comentários coincidem com os ataques de Donald Trump ao Federal Reserve. O presidente dos Estados Unidos tem pressionado o presidente do Fed, Jerome Powell, a reduzir as taxas de juros.

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Em uma escalada, o presidente americano decidiu demitir a diretora (governor) do Fed, Lisa Cook, após alegações de que ela teria falsificado documentos de hipotecas. Cook disse que Trump não tem autoridade para demiti-la e se recusa a renunciar.

No simpósio anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, na semana passada, os formuladores de política monetária de todo o mundo - incluindo a presidente do BCE, Christine Lagarde - expressaram apoio ao Fed e a Powell. Alguns expressaram temores de que a independência do banco central pudesse ser prejudicada.

Em seus comentários, de Cos, do BIS, descreveu um mandato claro de estabilidade de preços, independência e responsabilidade como “a âncora, o casco e o mastro do navio da política monetária”.

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“Os bancos centrais precisam de independência institucional, funcional, pessoal e financeira - tudo isso deve ser sustentado por uma estrutura legal robusta”, disse ele.

O diretor, de origem espanhola, também enfatizou a necessidade de os governos manterem finanças públicas sólidas. “Trajetórias fiscais sustentáveis são extremamente importantes para que os bancos centrais possam continuar cumprindo seus mandatos”, disse ele.

-- Com informações adicionais da Bloomberg Línea.

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