Ímã para milionários, Caribe tem os países mais caros para se viver na América Latina

Ilhas Cayman, Bahamas e Porto Rico aparecem no topo do Índice de Custo de Vida da Numbeo em 2025; o Brasil tem o quarto custo de vida mais baixo do continente, segundo o ranking

Casas de lujo en Islas Caimán
23 de Setembro, 2025 | 10:22 AM

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Bloomberg Línea — Três ilhas estão entre os países mais caros para se viver na América Latina e no Caribe, de acordo com a atualização mais recente do Índice de Custo de Vida da plataforma Numbeo, que divulga informações sobre as condições de vida em todo o mundo.

As Ilhas Cayman, com uma classificação de 108,18 no índice de custo de vida da Numbeo, são consideradas o território mais caro da América Latina e do Caribe.

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De acordo com Clara Inés Pardo, economista e acadêmica da Universidade de Rosário, na Colômbia, “por serem ilhas ou territórios relativamente isolados, muitos produtos precisam ser importados (...) isso torna mais caro o que chega ao mercado local“.

O turismo de alto nível e as ofertas voltadas para o luxo também aumentam os preços, assim como a infraestrutura cara e a regulamentação local .

Além disso, a concorrência limitada torna muitos serviços mais caros. “Por exemplo, os supermercados, os serviços de transporte e os varejistas podem ter grandes custos de logística e pouca concorrência”, explica Pardo.

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Outros fatores que afetam o custo de vida incluem a taxa de câmbio e a sazonalidade do turismo, que gera preços mais altos na alta temporada.

A acadêmica ressalta que “como muitas instalações são projetadas para o turismo, na baixa temporada elas podem ser subutilizadas, forçando a cobrança de preços mais altos na alta temporada para compensar”.

O índice não leva em conta os gastos associados à moradia, como aluguéis ou hipotecas.

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Se levada em conta, a classificação pode mudar em função do alto preço dos imóveis nos mercados desenvolvidos.

Se um território tem um custo de vida de 120, isso significa que o Numbeo estima que ele seja 20% mais caro do que Nova York (excluindo o aluguel).

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Ímã para milionários

¿Cuál es el tratamiento tributario para startups colombianas constituidas en Islas Caimán?

Os territórios do Caribe se tornaram um ímã para os milionários devido às suas estruturas legais claras, estabilidade política e regulatória e serviços financeiros de classe mundial, de acordo com especialistas.

Entretanto, em alguns casos, “a existência de paraísos fiscais abre a grande possibilidade de entrada de capital que nem sempre é transparente ou de origem legal para injetar no sistema bancário e na economia local“, disse Luis Alberto Villamarín, analista internacional, à Bloomberg Línea.

Espera-se que um total de 200 milionários se mudem para as Ilhas Cayman este ano, atraindo um capital estimado em US$ 3,7 bilhões, um aumento de 62% nessa população entre 2014-2024, de acordo com a consultoria de migração de investimentos Henley & Partners.

Em dezembro de 2024, as Ilhas Cayman tinham um total de 6.800 milionários (riqueza de US$ 1 milhão ou mais), 102 centimilionários (US$ 100 milhões ou mais) e 12 bilionários (US$ 1 bilhão ou mais).

De acordo com o índice Numbeo, depois das Ilhas Cayman , os territórios mais caros são as Bahamas (85,36) e Porto Rico (59,75), embora este último seja um território dos EUA.

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Divergências sociais

Aerial view of the Condado neighborhood of San Juan, Puerto Rico.

O índice de custo de vida nessas ilhas é muito alto, especialmente para os turistas, mas não refletiria a realidade daqueles que vivem com menos acesso econômico, gerando uma grande lacuna social, de acordo com Villamarín.

Ele explica que, em alguns territórios do Caribe, a alta taxa pode refletir desequilíbrios gerados pela administração de capital de origem questionável e pela evasão de encargos fiscais.

Mas “isso não significa que, no fundo, esses nativos da ilha estejam vivendo bem ou que todo o conglomerado de ilhéus esteja se beneficiando do fato de o custo de vida ser alto e de haver tanto dinheiro entrando”, disse o analista Luis Alberto Villamarín.

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Realidade na América do Sul

Na América do Sul, os países mais caros são o Uruguai (51,34) e a Costa Rica (50,27), mas eles têm dois dos salários mínimos mais altos da região.

Na outra ponta, O Brasil tem o quarto custo de vida mais baixo do continente (28,63), ficando atrás apenas da Colômbia (28,00), da Bolívia (25,50) e do Paraguai (22,82).

Entre os diferentes elementos analisados, o Uruguai tem um índice de poder de compra local mais alto em seu balanço patrimonial (54,74), o que reflete o poder de compra relativo na aquisição de bens e serviços.

Se o poder de compra das famílias for 40, isso significa que os assalariados médios da cidade de Nova York podem se dar ao luxo de comprar, em média, 60% menos bens e serviços do que os assalariados médios da cidade de Nova York.

Enquanto isso, no caso da Costa Rica, seu balanço mostra que o subíndice mais alto é o de mantimentos (56,48), que é uma estimativa dos preços de compra em comparação com Nova York.

Em contraste com a realidade do Caribe, no caso desses países, o resultado seria mais um reflexo de economias mais fortes e estáveis em termos de desenvolvimento econômico e social.

De fato, este ano a América Latina acrescentou a Costa Rica como um novo país na categoria de alta renda, ou seja, aqueles com uma Renda Nacional Bruta (RNB) per capita de mais de US$ 13.935.

A Costa Rica passou da categoria de “renda média alta” para a categoria de “renda alta”, conforme constatado pelo Banco Mundial em seu relatório anual.

Outros países classificados como de alta renda na América Latina incluem o Uruguai, o Chile, o Panamá e a Guiana.

E no Caribe, Porto Rico, Bahamas, Trinidad e Tobago e Barbados.

Nos países de custo mais baixo, os preços parecem mais baixos porque, embora a inflação seja persistente, seu crescimento econômico foi limitado, tornando-os comparativamente mais baratos, disse o analista Gregorio Gandini.

Entretanto, em muitos desses países, o poder de compra é baixo e o dinheiro nem sempre é suficiente para cobrir todas as necessidades.

De acordo com a atualização mais recente do relatório Numbeo, os países mais caros e mais baratos da região são :

  • Ilhas Cayman (108,18 no índice de custo de vida)
  • Bahamas (85,36)
  • Porto Rico (59,75)
  • Uruguai (51,34)
  • Costa Rica (50,27)
  • Jamaica (50,11)
  • Trinidad e Tobago (49,39)
  • Guiana (46,94)
  • Panamá (43,26)
  • Belize (42,27)
  • Cuba (40,14)
  • Argentina (38,34)
  • Guatemala (37,90)
  • México (37,64)
  • El Salvador (37,57)
  • Chile (35,78)
  • Venezuela (35,57)
  • República Dominicana (34,73)
  • Honduras (34,12)
  • Nicarágua (32,49)
  • Peru (29,97)
  • Equador (29,26)
  • Brasil (28,63)
  • Colômbia (28,00)
  • Bolívia (25,50)
  • Paraguai (22,82)