EUA preparam nova base legal para tarifas de Trump contra o Brasil, dizem fontes

Segundo fontes que falaram com a Bloomberg News, o governo americano prepara uma nova declaração de emergência para dar sustentação legal à taxa de 50% ameaçada por Trump

Donald Trump
Por Joshua Wingrove - Eric Martin
25 de Julho, 2025 | 01:36 PM

Bloomberg — O governo do presidente Donald Trump prepara uma nova declaração de emergência como base para tarifas sobre o Brasil, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

A medida, que ainda não é definitiva, seria necessária para impor a taxa de 50% ameaçada por Trump a um país cuja situação é muito diferente de outros que foram atingidos por tarifas recíprocas.

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Enquanto outras nações mantêm superávits comerciais com os Estados Unidos, o Brasil registra déficit.

O Gabinete do Representante Comercial do país reconheceu os planos para uma declaração separada de emergência em reuniões com funcionários do Congresso esta semana, disse uma das pessoas.

As pessoas falaram sob condição de anonimato para compartilhar detalhes de negociações privadas.

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O Gabinete e a Casa Branca não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

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Os preparativos são um sinal de como o governo busca uma autoridade legal para impor as ameaças tarifárias cada vez mais abrangentes de Trump.

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Trump anunciou a potencial taxa de 50%, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, em uma demonstração de apoio ao aliado Jair Bolsonaro.

Trump tentou pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pôr fim ao que ele chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente.

Bolsonaro será julgado em breve por seu suposto papel na tentativa de reverter sua derrota nas eleições de 2022.

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Lula não deu sinais de ceder às exigências dos Estados Unidos, enfatizando, em vez disso, a independência do judiciário brasileiro e ameaçando com medidas retaliatórias.

Trump fez a ameaça no início deste mês, ampliando substancialmente o escopo de sua luta tarifária e demonstrando que buscaria usar a autoridade presidencial e as taxas de importação para fortalecer seus aliados no exterior. Ainda não está claro se ele ajustará a alíquota.

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O governo Trump iniciou separadamente uma investigação da chamada Seção 301 contra o Brasil, que poderia, em última instância, fornecer autoridade legal para tarifas, mas provavelmente levará meses.

As tarifas recíprocas originais de Trump, sob o ato de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, foram impostas com base em déficits comerciais “grandes e persistentes”, de acordo com comunicado da Casa Branca.

Os países que inicialmente enfrentaram taxas de reciprocidade superiores a 10% apresentam superávits comerciais em bens com os Estados Unidos, exceto o Brasil.

No início desta semana, um grupo de senadores democratas escreveu ao governo Trump para expressar “preocupações significativas sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de lançar uma guerra comercial com o Brasil” para apoiar Bolsonaro.

“Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana cria um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca os cidadãos e as empresas americanas em risco de retaliação”, escreveram os senadores, liderados por Jeanne Shaheen de New Hampshire e Tim Kaine da Virgínia.

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