Bloomberg — O número de casas à venda no principal site de listagens de imóveis da Espanha caiu 20% no segundo trimestre, a maior queda desde pelo menos 2007 e um sinal do desafio que o país enfrenta para resolver sua crise habitacional.
O declínio foi ainda mais acentuado nas duas maiores cidades do país: a oferta caiu 25% em Madri e 21% em Barcelona em relação ao ano anterior, segundo a plataforma Idealista em um relatório divulgado nesta quarta-feira (16).
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Ao mesmo tempo, os preços dos imóveis na capital aumentaram 25% em junho em relação ao ano anterior e atingiram o recorde histórico de € 5.642 (US$ 6.542) por metro quadrado.

A escassez de moradias tem como base vários fatores, incluindo um processo de licenciamento demorado, a falta de novos terrenos disponíveis para construção e um grande aumento na imigração.
Em Madri, o aumento de preços é agravado pela chegada de investidores estrangeiros ricos, principalmente da América Latina, que provocaram um boom na demanda por imóveis de alto padrão.
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“Em junho, os preços residenciais continuaram a crescer acima da inflação em todos os setores, como resultado do crescimento populacional desde 2021 em um ambiente de oferta limitada, bem como de um contexto econômico favorável em termos de emprego resiliente e taxas de juros em declínio, o que impulsiona a demanda por imóveis”, disse Cristina Arias, diretora de pesquisa da Tinsa, a maior empresa de avaliação de imóveis do país.

É provável que os preços continuem a subir no curto prazo devido à escassez de casas concluídas, embora novos projetos tenham sido iniciados, disse Arias. Espera-se que a escassez diminua à medida que as casas forem concluídas, acrescentou ela.
A demanda por aluguéis de férias de curto prazo oferecidos por meio de plataformas como a Airbnb em áreas turísticas populares em toda a Espanha também contribui para a escassez de moradias.
Tanto o governo central quanto os governos regionais têm procurado endurecer as regras para esse tipo de acomodação.
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Em junho do ano passado, Barcelona anunciou planos para proibir todos os aluguéis de curto prazo até 2029, para atender às reclamações dos moradores locais de que os aluguéis haviam se tornado muito caros.
A acessibilidade das residências tornou-se uma grande preocupação nacional.
Em abril, o primeiro-ministro Pedro Sanchez apresentou um plano para tentar criar parcerias público-privadas para acelerar a construção de casas, com o governo destinando 1,3 bilhão de euros para a iniciativa ao longo de dez anos.
Um problema central em toda a Espanha é que as administrações não conseguem ou não querem trazer novas moradias para o mercado, de acordo com Francisco Inareta, porta-voz da Idealista.
“Diante de uma tempestade perfeita como a que estamos vivendo, com crescimento populacional, queda nas taxas de juros e um mercado de aluguel que está fora de alcance e empurra parte da demanda para o mercado de compra, o pior erro que se pode cometer é não construir casas”, disse Inareta.
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