Dieta saudável custa quase R$ 30 por dia na América Latina, a mais cara do mundo

Relatório da FAO aponta alta contínua nos preços de alimentos essenciais em 2024 na América Latina e o Caribe

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01 de Agosto, 2025 | 10:51 AM

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A América Latina e o Caribe seguem como a região com os preços mais altos para uma dieta saudável no mundo, com uma média de US$ 5,16 (cerca de R$ R$ 28,90) por pessoa por dia em paridade de poder de compra (PPP) em 2024, segundo dados da FAO.

O preço de uma dieta saudável na América Latina apresentou um aumento de 3,8% entre 2023 e 2024, de acordo com o relatório intitulado “The State of Food Security and Nutrition in the World 2025″.

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O custo da dieta saudável aumentou de US$ 3,78 em 2019 para US$ 3,96 em 2020, US$ 4,16 em 2021, US$ 4,62 em 2022 e US$ 4,97 em 2023.

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“Os preços dos alimentos continuaram a subir em 2024, aumentando o custo médio de uma dieta saudável em todo o mundo e em todas as regiões”, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

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O custo de cada país é uma estimativa do preço mínimo para adquirir uma dieta saudável, que inclui uma variedade de alimentos disponíveis localmente e atende às necessidades de energia e da maioria dos nutrientes.

Un comprador en una tienda Exito en Cali, Colombia, el viernes 30 de junio de 2023.

De acordo com a FAO, uma dieta saudável compreende quatro aspectos principais, incluindo diversidade (dentro e entre grupos de alimentos), adequação (suficiência de todos os nutrientes essenciais em relação às necessidades), moderação (alimentos e nutrientes que estão associados a resultados ruins para a saúde) e equilíbrio (ingestão de energia e macronutrientes).

Uma dieta saudável deve incluir muitos grãos integrais, nozes, frutas e uma variedade de vegetais.

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Além disso, a inclusão de ovos, laticínios, aves e peixes em quantidades moderadas é recomendado, bem como carne vermelha em pequenas porções.

Isso inclui água potável limpa e segura como o líquido preferido, de acordo com a FAO.

Custo de uma dieta saudável por dia em 2024*

  • Guiana – US$ 6,83
  • São Vicente e Granadinas – US$ 6,43
  • Dominica – US$ 6,36
  • Haiti – US$ 6,21
  • Suriname – US$ 6,16
  • Jamaica – US$ 6,02
  • Granada – US$ 5,83
  • Antígua e Barbuda – US$ 5,90
  • Bahamas – US$ 5,54
  • Curaçao – US$ 5,54
  • Trinidad e Tobago – US$ 5,56
  • República Dominicana – US$ 5,40
  • Caribe (média) – US$ 5,48
  • América Latina e o Caribe (média regional) – US$ 5,16 (cerca de R$ R$ 28,90)
  • Chile – US$ 5,22
  • Aruba – US$ 5,00
  • Paraguai – US$ 5,04
  • Guatemala – US$ 5,03
  • América Central (média) – US$ 4,69
  • Belize – US$ 4,54
  • Honduras – US$ 4,75
  • Ilhas Cayman – US$ 4,70
  • Colômbia – US$ 4,67
  • Brasil – US$ 4,69
  • Bolívia – US$ 4,82
  • Costa Rica – US$ 4,62
  • Panamá – US$ 4,34
  • Peru – US$ 4,34
  • México – US$ 4,41
  • Uruguai – US$ 4,41
  • Equador – US$ 3,56

*Países sem dados disponíveis (2024): Argentina, Barbados, Cuba, Porto Rico, El Salvador, Nicarágua e Venezuela. Valores em Paridade de Poder de Compra, ou Purchasing Power Parity, em inglês.

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Custo de uma dieta saudável no mundo

Depois da América Latina, o preço de uma dieta saudável é mais alto na Ásia, com US$ 4,43 PPP, seguido pela África, com uma média de US$ 4,41 PPP.

Na Oceania, o custo médio é de US$ 3,86, enquanto na América do Norte e na Europa o custo médio é de US$ 4,02.

O maior aumento em 2024 foi no leste da África (7,2%), seguido pelo norte da África (5,5%).

Los compradores miran los productos en el mercado de Silvia en Cauca, Colombia, el martes 10 de mayo de 2022.

De acordo com a FAO, os países de renda média alta tiveram o custo médio mais alto de uma dieta saudável em 2024, de US$ 4,83 PPP.

Globalmente, estima-se que 31,9% das pessoas (2,6 bilhões) não poderiam pagar por uma dieta saudável em 2024, em comparação com 33,5% (2,68 bilhões) em 2022, o que equivale a quase 80 milhões de pessoas a menos em dois anos.

Na América Latina e no Caribe, o número total de pessoas que não poderiam pagar por uma dieta saudável em 2024 chegou a 181,9 milhões.

Fome no mundo

A fome continua a afetar 8,2% da população mundial, ou cerca de 673 milhões de pessoas, com impacto especial nas sub-regiões da África e da Ásia Ocidental, de acordo com a FAO.

O relatório observa que, embora haja evidências de melhoria nos indicadores, “o progresso não foi consistente em todo o mundo”, pois a fome continuou a aumentar na maioria das sub-regiões da África e da Ásia Ocidental.

Os níveis registrados no ano passado representaram uma redução de 15 milhões em relação a 2023 e de 22 milhões em relação a 2022.

“Embora o declínio seja bem-vindo, as últimas estimativas ainda estão acima dos níveis pré-pandêmicos, e a alta inflação dos alimentos nos últimos anos contribuiu para a lenta recuperação da segurança alimentar“, disse a FAO.

Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.