CPI: inflação acelera em junho nos EUA, mas núcleo vem abaixo do esperado

Trata-se do quinto mês consecutivo que o núcleo da inflação dos Estados Unidos ficou abaixo das estimativas

Inflación EE.UU. aranceles
Por Augusta Saraiva
15 de Julho, 2025 | 10:00 AM

Bloomberg — O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em junho nos Estados Unidos, o que mostra uma aceleração da inflação americana frente ao avanço de 0,1% observado em maio.

Já o núcleo do CPI, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, teve alta de 0,2% no mês, segundo dados divulgados nesta terça-feira (15) pela agência de estatísticas do governo americano. Na base anual, porém, o aumento foi de 2,9%, acima dos 2,8% registrados em maio, abril e março.

PUBLICIDADE

O resultado do núcleo veio abaixo do esperado pelo mercado. Analistas consultados pela Bloomberg projetavam aumento de 0,3% no mês e de 2,9% base anual. Já a leitura geral veio em linha com o esperado, com as projeções medianas apontando para um avanço de 0,3% no mês e de 2,6% em 12 meses.

O relatório mostra ainda os primeiros sinais do impacto da guerra comercial global promovida por Donald Trump. Itens mais vulneráveis às tarifas, como móveis, registraram alta de 1% nos preços, frente a 0,3% no mês anterior.

Eletrodomésticos subiram 1,9%, ante 0,8% em maio. Já itens de vestuário tiveram aumento de 0,4%, encerrando uma sequência de meses com preços em queda.

PUBLICIDADE

O aumento dos preços nas categorias mais expostas às tarifas, o que inclui também brinquedos, sugere que as empresas começaram a repassar aos consumidores os custos mais altos de importação. Enquanto isso, os preços de carros novos e usados caíram.

Leia também: Trump pode pressionar, mas o Fed foi estruturado para resistir a intervenções

O relatório marca o quinto mês consecutivo de leituras de inflação abaixo das previsões e levanta dúvidas sobre o quão amplamente as tarifas do presidente Donald Trump vão impactar os preços ao consumidor.

PUBLICIDADE

Algumas empresas conseguiram proteger os clientes ao estocar produtos antes da aplicação das tarifas ou absorver parte dos custos mais altos, à custa de margens menores.

O número mais fraco que o esperado pode intensificar os apelos de Trump para que o Federal Reserve reduza as taxas de juros.

Embora alguns dirigentes tenham demonstrado disposição para cortar os juros na próxima reunião do banco central, daqui a duas semanas, os formuladores de política monetária ainda estão divididos sobre se as tarifas causarão um choque de preços pontual ou algo mais duradouro — e provavelmente manterão os juros inalterados novamente.

PUBLICIDADE

Os futuros de ações permaneciam em alta, os rendimentos dos Treasuries oscilaram e o dólar recuou após a divulgação do relatório.

-- Atualizada às 10h37 para incluir mais informações.

Veja mais em bloomberg.com