Collins, do Fed, diz que pode levar mais tempo para alcançar a meta de inflação de 2%

Susan Collins, presidente do Fed Bank de Boston, afirmou que um crescimento econômico mais lento dos EUA será necessário para garantir que a inflação vá em direção à meta

Presidente do Federal Reserve Bank de Boston, Susan Collins destacou a falta de progresso desinfacionário em 2024
Por Steve Matthews
08 de Maio, 2024 | 02:45 PM

Bloomberg — A presidente do Federal Reserve Bank de Boston, Susan Collins, sinalizou que as taxas de juros provavelmente precisarão ser mantidas em um patamar elevado por mais tempo do que o previsto anteriormente para reduzir a demanda e diminuir as pressões sobre os preços.

Collins, que observou a falta de progresso desinfacionário em 2024, afirmou que um crescimento econômico mais lento será necessário para garantir que a inflação permaneça em um caminho sustentável em direção à meta de 2% do Fed. Ela não ofereceu uma estimativa de quando os cortes nas taxas podem ocorrer.

“As recentes surpresas positivas na atividade econômica e na inflação sugerem a provável necessidade de manter a política em seu nível atual até que tenhamos maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%”, disse Collins em um discurso preparado na quarta-feira no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

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Os comentários de Collins ecoaram os do presidente do Fed, Jerome Powell, que afirmou na semana passada que o banco central tem mais trabalho a fazer para ganhar a confiança necessária de que a inflação retornará à meta de 2% para poder cortar as taxas de juros.

Os membros da autoridade monetária dos EUA deixaram sua taxa de referência inalterada na semana passada no patamar mais alto desde 2001, nível que permanece desde julho. Powell não disse quando ele acredita que o banco central reduzirá as taxas.

A chefe do Fed de Boston disse que não se surpreendeu com os obstáculos no processo de desinflação, como a falta de progresso no primeiro trimestre. O índice de inflação preferido do Fed subiu 2,7% em março em relação ao ano anterior, acelerando em comparação com os 2,5% observados em fevereiro.

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“A situação atual requer perseverança metódica, reconhecendo que o progresso levará tempo e continuará sendo desigual”, disse ela.

“Moderadamente Restritiva”

A presidente do Fed de Boston destacou que grande parte do progresso da inflação no ano passado foi impulsionado pelos preços de bens, uma tendência que dificilmente continuará no mesmo ritmo.

“O progresso na inflação provavelmente exigirá um menor crescimento na demanda, especialmente para facilitar uma desaceleração adicional da inflação dos serviços”, disse Collins.

Ela descreveu a atual política monetária como “moderadamente restritiva”, acrescentando que é possível que “a política tenha se tornado restritiva mais recentemente do que se pensava e ainda não tenhamos visto seu impacto total”.

Collins, que não vota na política monetária este ano, disse que o objetivo é que os mercados de trabalho continuem saudáveis, embora “se moderando de maneira ordenada”. Ela acrescentou que as empresas estão bem posicionadas para absorver um eventual aumento mais rápido dos salários sem exercer pressão adicional sobre os preços.

O mercado de trabalho se manteve resistente, embora esteja mostrando sinais de desaceleração. Os empregadores dos EUA reduziram as contratações em abril, e a taxa de desemprego subiu inesperadamente. Segundo relatório do departamento de estatísticas do país, a folha de pagamento não agrícola avançou 175.000 no mês passado, o menor ganho em seis meses.

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