Blçoomberg Línea — A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) acredita que a região tem novas oportunidades de exportação abertas para os Estados Unidos, apesar das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
Segundo o secretário executivo da comissão, José Manuel Salazar-Xirinachs, a perspectiva da região é melhor do que a de outros países.
“Embora as condições tarifárias enfrentadas pelas exportações da região nos Estados Unidos sejam piores do que no início do ano, na maioria dos casos elas são melhores do que as enfrentadas pelos principais parceiros comerciais do país fora da região (China, Japão, União Europeia, Índia, Coreia, Vietnã, etc.), cujas exportações pagam tarifas entre 15% e 25%“, disse Salazar-Xirinachs durante uma entrevista coletiva após o lançamento da Pesquisa Econômica da América Latina e do Caribe 2025.
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As exportações de vários países latino-americanos para os EUA são compostas em grande parte por hidrocarbonetos, produtos que atualmente estão excluídos dos aumentos tarifários, assim como os catodos de cobre refinado do Chile. Nesse contexto, Salazar-Xirinachs vê novas oportunidades para a região competir com outros países que agora enfrentam tarifas mais altas.
“No prazo imediato, as principais oportunidades se concentrariam no agronegócio e nos produtos primários (café, camarão, vinho), além de têxteis e vestuário para a América Central e mineração e metais básicos para a América do Sul”, acrescentou.
A Cepal projetou que a região crescerá 2,2% em 2025, um aumento de 0,2% em relação à previsão de abril passado, e que a América do Sul, especificamente, crescerá 2,7%, impulsionada pela Argentina e pelo Equador.
Impacto no Brasil
Para Salazar-Xirinachs, o impacto econômico das tarifas de 50% sobre o Brasil será atenuado por três fatores:
- Apenas 12% das exportações brasileiras vão para os EUA, contra 28% para a China, por exemplo.
- Várias das principais exportações do Brasil para os EUA estão isentas do aumento de tarifas, incluindo celulose, aeronaves civis e suco de laranja.
- Os produtos excluídos do aumento da tarifa representaram quase 40% das exportações brasileiras para os EUA em 2024.
“O impacto da nova tarifa de 50% será sentido especialmente nas exportações agrícolas e agroindustriais do Brasil para os EUA, já que quase não há produtos excluídos nesse setor”, disse o secretário executivo da Cepal. “Entre os principais produtos afetados estão o café, a carne bovina e o açúcar de cana.”
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Além do Brasil e do México, que manterão a tarifa de 25% sobre os produtos não incluídos no T-MEC após uma prorrogação de 90 dias concedida por Trump, os países latino-americanos com as tarifas mais altas são: Nicarágua (18%) e Bolívia, Costa Rica, Equador, Guiana, Trinidad e Tobago e Venezuela (todos com 15%).