Argentina reduz taxa de juros pela terceira vez em três semanas, para 50%

BC da Argentina citou uma significativa redução nas pressões inflacionárias nos últimos meses após medidas do governo Milei

Buenos Aires: BC da Argentina cortou a taxa de juros cinco vezes desde que o presidente Javier Milei assumiu o poder em dezembro
Por Manuela Tobias - Kevin Simauchi
02 de Maio, 2024 | 03:56 PM

Bloomberg — A Argentina reduziu sua taxa de juros de referência pela terceira vez em três semanas, enquanto autoridades apostam em uma desaceleração sustentada nos preços ao consumidor e correm para diminuir os passivos com juros do Banco Central.

As autoridades reduziram a taxa de referência de 60% para 50% ao ano, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira (2), que citou uma significativa redução nas pressões inflacionárias nos últimos meses.

O BC da Argentina cortou a taxa de juros cinco vezes desde que o presidente Javier Milei assumiu o poder em dezembro, quando ela estava em 133%.

A inflação diminuiu desde então de uma taxa mensal de 26%, em dezembro, para 11% em março.

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Milei disse no fim de semana que a leitura de abril poderia estar em um dígito, um sinal de que os esforços do governo para conter o crescimento desenfreado dos preços estão funcionando.

Em uma entrevista a uma rádio na quarta-feira, o presidente disse que espera suspender os complexos controles cambiais da Argentina ainda este ano.

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Um passo integral nesse processo é limpar o balanço do Banco Central reduzindo as taxas, disse Milei, acrescentando que imaginava outro corte.

O que diz a Bloomberg Economics...

“O mais recente corte de juros da Argentina mostra que o banco central está se movendo rapidamente para explorar o momentum do mercado e os controles cambiais. Cortes adicionais são possíveis nos próximos meses, mas uma política de taxas fortemente negativas só pode durar se os fluxos de capital permanecerem restritos.”

— Adriana Dupita, economista-chefe adjunta de mercados emergentes

Desde que assumiu o cargo, o governo de Milei eliminou os controles de preços, desvalorizou a moeda em mais de 50% e registrou o primeiro superávit trimestral da Argentina desde 2008.

Para conseguir isso, Milei congelou quase todas as obras públicas e transferências para governos locais, e manteve os gastos com pensões e salários públicos bem abaixo da inflação.

A Câmara dos Deputados aprovou o amplo projeto de reforma econômica de Milei na terça-feira, que enfrentará uma votação no Senado nas próximas semanas.

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A equipe econômica do presidente prevê uma desaceleração muito mais rápida da inflação mensal este ano do que os analistas antecipam, prevendo que os aumentos de preços ao consumidor cairão para 3,8% até setembro, de acordo com uma apresentação vista pela Bloomberg News datada de 4 de abril e elaborada por um alto funcionário do ministro da Economia, Luis Caputo.

Analistas consultados pelo banco central da Argentina em março preveem uma inflação mensal de 6,2% até setembro.

No entanto, a inflação anual continua preocupante. Em relação ao ano anterior, os consumidores argentinos estão lidando com ganhos de preços de quase 288% — o nível mais alto desde que a nação propensa a crises saiu da hiperinflação no início dos anos 1990.

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