Bloomberg — O banco central da Argentina cortou sua taxa básica de juros, de 100% para 80%, diante da expectativa de queda da inflação mensal e fortalecimento do peso no mercado paralelo.
Apesar da inflação anual acima de 250%, a autoridade monetária citou uma série de fatores para explicar o corte na noite de segunda-feira (11), incluindo a recomposição das reservas internacionais.
A divulgação do índice de preços ao consumidor de fevereiro está prevista para a tarde desta terça-feira (12), com previsão de uma taxa mensal de 15% entre os economistas consultados pela Bloomberg, ante 21% em janeiro e 26% em dezembro. A inflação anual, no entanto, deve acelerar para mais de 280%.
A flexibilização monetária ocorre durante uma operação de troca de dívida local recorde, em que o governo tenta substituir até 55 trilhões de pesos (US$ 65 bilhões) em notas do Tesouro que vencem este ano por títulos com vencimento entre 2025 e 2028.
A redução de juros contrasta com a sinalização dada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em fevereiro, na mais recente revisão do programa de US$ 44 bilhões de ajuda à Argentina, em que a equipe do banco multilateral disse que “as autoridades concordaram que a política monetária teria de ser apertada para apoiar a demanda por moeda e a desinflação.”

De forma geral, o FMI há muito insiste que a Argentina mantenha os juros acima da inflação para incentivar a demanda por pesos e esfriar a alta de preços.
Após um corte de juros semelhante em dezembro, juntamente com uma desvalorização cambial de 54%, muitos argentinos sacaram depósitos de 30 dias em pesos.
A autoridade monetária observou que, embora os juros estejam caindo, a quantidade de dinheiro em circulação diminuiu 17% quando ajustada à inflação desde que Milei assumiu o cargo.
Manter um controle rígido sobre a base monetária ajudou a esfriar os preços mensalmente até agora.
Embora a inflação mensal continue a esfriar e a taxa de câmbio paralela esteja mais forte, o resultado é uma forte recessão este ano.
As medidas de austeridade de Milei eliminaram gastos sociais, e os salários ajustados pela inflação estão no nível mais baixo desde 2003.
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