‘Agora ou nunca’: Lula pressiona UE para assinar acordo comercial com o Mercosul

Presidente brasileiro disse que França e Itália resistem a avanço por questões internas e que, se negociação não for finalizada agora, o Brasil não vai prosseguir durante seu governo

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Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à União Europeia que finalize o acordo comercial com o Mercosul, e disse aos líderes ainda hesitantes que o acordo não acontecerá durante sua gestão, se não for feito agora.

“Eu já deixei claro que, se não finalizarmos esse acordo agora, o Brasil não vai prosseguir com o acordo comercial durante a minha presidência”, disse Lula durante uma reunião de gabinete em Brasília na quarta-feira (17), poucos dias antes de sediar uma cúpula em que os líderes da UE e do Mercosul pretendem assinar o pacto.

A UE tem corrido para finalizar o acordo com o Mercosul, o bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, antes de uma cerimônia de assinatura provisoriamente marcada para sábado (20). Mas a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni lançou dúvidas sobre seu futuro imediato na quarta-feira, dizendo que seu governo não está pronto para assinar o acordo.

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A França também tem pressionado para adiar a finalização do acordo, que vem sendo trabalhado há mais de duas décadas.

O acordo superou um obstáculo técnico importante na terça-feira, quando o Parlamento Europeu aprovou medidas para proteger os agricultores do continente. Mas a resistência provavelmente tornará mais difícil para a UE aprová-lo a tempo.

Lula, que fez do acordo uma peça central dos esforços para fortalecer o Mercosul e diversificar suas parcerias comerciais, expressou frustração com os líderes europeus, incluindo Meloni e Emmanuel Macron, da França, com quem ele mantém fortes relações.

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“Eu transferi a reunião para 20 de dezembro a pedido da UE”, disse ele. “Agora estou sendo informado de que eles não poderão aprová-la, afinal. A situação é muito difícil: a Itália e a França estão bloqueando o acordo por causa de suas questões políticas internas.”

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“Macron está resistindo por causa da pressão dos agricultores franceses”, continuou. “A Itália se opõe por motivos que desconheço.”

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