Mercado dos EUA já tem mais ETFs que ações e sinaliza desafio de escolha de ativos

Pela primeira vez, o número de fundos de índices negociados em bolsa superou a quantidade de ações individuais; variedade é um desafio para investidores em geral, segundo especialistas

Traders At The NYSE As Stocks Climb On Hopes For Russia Deal As Oil Falls
Por Vildana Hajric
25 de Agosto, 2025 | 03:02 PM

Bloomberg — O boom dos ETFs, que democratizou os investimentos nos Estados Unidos, está chegando a um ponto crítico. Investidores e consultores financeiros têm muitos fundos para escolher.

Graças ao ritmo acelerado de novos lançamentos, agora existem mais de 4.300 fundos negociados em bolsa, número que pela primeira vez supera o total de ações, que atualmente gira em torno de 4.200, mostram dados compilados pela Morningstar.

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Os ETFs representam cerca de 25% do universo total de veículos de investimento, acima dos 9% de uma década atrás, de acordo com dados do Investment Company Institute.

Embora essa variedade reduza custos e alíquotas de impostos para os investidores, também cria uma dor de cabeça para eles. Analisar página após página de ETFs pode ser uma tarefa penosa.

“A escolha é ótima até se tornar um fardo”, diz Douglas Boneparth, cuja Bone Fide Wealth administra aproximadamente US$ 115 milhões em Nova York. “Há um paradoxo de tantas opções que os investidores podem se sentir paralisados em vez de empoderados”, afirmou ele.

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There Are Now More ETFs Than Stocks

Isso também intensifica a disputa pela sobrevivência entre os emissores. Para se diferenciar e justificar a cobrança de comissões mais altas, as empresas têm lançado fundos de alto risco — como ETFs de ação única, alavancados e inversos — que os críticos dizem que os investidores amadores podem não entender completamente.

Como resultado, o mercado de ETFs tornou-se cada vez mais saturado e complexo, com milhares de estratégias quase idênticas e códigos similares, muitos dos quais não conseguem ganhar força e acabam fechando.

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Os emissores estiveram mais ocupados do que nunca este ano, ao lançarem mais de 640 ETFs, um ritmo recorde de cerca de quatro por dia.

O número de fundos que chegaram ao mercado no primeiro semestre — 469 — foi quase 50% superior ao do mesmo período do ano anterior e cerca de 140% acima da média dos últimos cinco anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

Só em junho, foram 108 novos participantes, uma máxima histórica para um único mês.

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Estes novos ETFs substituem opções de investimento mais tradicionais. O número de fundos mútuos, fundos fechados e fundos de investimento unitários vem diminuindo nos últimos anos, enquanto novos ETFs são criados. Isso deixa o universo total de opções de investimento estável em cerca de 16.000.

Entre os novos lançamentos, a maioria têm sido estratégias geridas ativamente. Várias delas possuem componentes de geração de renda, enquanto outras também se concentram no setor de defesa.

Os emissores também lançaram ETFs do mercado monetário, fundos específicos para cada país, produtos com base em criptomoedas e muito mais.

“Agora existe um ETF para tudo — IA, animais de estimação, cannabis, portfólios ‘woke’ e ‘anti-woke’”, disse Boneparth. “É difícil dizer se você está investindo em algo significativo a longo prazo ou se está respondendo a um quiz online para o Buzzfeed.”

Isso ajudou a convencer muitas pessoas de que precisam de ajuda externa. A parcela de investidores autônomos — ou seja, aqueles que fazem as próprias escolhas de investimento — caiu de 41% em 2009 para 25% em 2024, segundo dados da firma de pesquisa Cerulli.

“As pessoas estão recorrendo a aconselhamento porque nem sabem por onde começar”, disse Scott Smith, diretor sênior de relacionamento com consultores da Cerulli.

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