Bloomberg Línea — O conceito de Brasil como o país do futuro deixou, há muitos anos, de remeter às possibilidades de desenvolvimento da nação para se tornar uma referência a um eterno potencial que nunca é efetivamente concretizado.
Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, disse acreditar que o Brasil está mais uma vez em um momento ímpar, em que os olhos do mundo estão voltados para cá e que isso, se aproveitado, poderia destravar um potencial de crescimento. Em suma, uma oportunidade de resgatar a promessa de “país do futuro”.
O principal propulsor seria justamente o cenário global de turbulência comercial sob o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, considerado pelo economista como excelente para o Brasil.
“Pode não parecer, mas o mundo está extremamente favorável a nós. É um momento excepcional para o Brasil”, afirmou Wu em painel no Inter Invest Summit, neste sábado (20), em participação ao lado de Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, e Ian Lima, gestor da Inter Asset.
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A avaliação de Wu é que as tensões comerciais iniciadas por Washington fortalecem a posição do Brasil como parceiro relevante em diferentes mercados.
“A China está cortejando o Brasil, a Europa [quer destravar] um acordo comercial que ficou parado 15 anos. Querem comprar de nós porque somos geopoliticamente neutros, e isso é muito importante”, disse.
Apesar do otimismo, o cenário interno insiste em apresentar desafios que estão na contramão do potencial esperado para o Brasil. O principal deles é a alta taxa de juros, atualmente em 15% ao ano – a mais elevada desde 2006.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa na última quarta-feira (17) e adotou um discurso mais duro que o esperado, sinalizando que os juros podem ficar altos por mais tempo. A expectativa é que os cortes comecem apenas a partir do início do próximo ano.
“Em conversa com empresários e empreendedores, existe um temor a mais que os juros a 15%, que é a incerteza”, defendeu.
Wu definiu a questão fiscal como um problema clássico do país, que independe do governo no poder. Existe, no entanto, uma incerteza extra sobre o que pode acontecer a partir das eleições presidenciais de 2026.
“Há toda uma expectativa do mercado e do setor privado de olhar para entender qual o projeto para o fiscal a partir de 2026. Se for dado um mínimo de previsibilidade, é possível transformar isso em PIB”, avaliou.
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