Guerra comercial cria oportunidade excepcional ao Brasil, segundo a Itaú Asset

Economista-chefe da gestora, Thomas Wu disse enxergar um cenário global muito favorável ao país, apesar das dificuldades em tomar proveito diante das incertezas e do juros altos

Pedestrians walk past an Itau bank branch in the financial district of Sao Paulo, Brazil, on Monday, Sept. 8, 2025. The Brazilian real was one of the best-performing currencies in emerging markets in August, and it can continue to outperform in the last four months of the year as traders look ahead to the start of rate cuts, especially as most of the impact of the US trade war has turned out to be just noise so far.
20 de Setembro, 2025 | 06:23 PM

Bloomberg Línea — O conceito de Brasil como o país do futuro deixou, há muitos anos, de remeter às possibilidades de desenvolvimento da nação para se tornar uma referência a um eterno potencial que nunca é efetivamente concretizado.

Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, disse acreditar que o Brasil está mais uma vez em um momento ímpar, em que os olhos do mundo estão voltados para cá e que isso, se aproveitado, poderia destravar um potencial de crescimento. Em suma, uma oportunidade de resgatar a promessa de “país do futuro”.

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O principal propulsor seria justamente o cenário global de turbulência comercial sob o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, considerado pelo economista como excelente para o Brasil.

“Pode não parecer, mas o mundo está extremamente favorável a nós. É um momento excepcional para o Brasil”, afirmou Wu em painel no Inter Invest Summit, neste sábado (20), em participação ao lado de Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, e Ian Lima, gestor da Inter Asset.

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A avaliação de Wu é que as tensões comerciais iniciadas por Washington fortalecem a posição do Brasil como parceiro relevante em diferentes mercados.

“A China está cortejando o Brasil, a Europa [quer destravar] um acordo comercial que ficou parado 15 anos. Querem comprar de nós porque somos geopoliticamente neutros, e isso é muito importante”, disse.

Apesar do otimismo, o cenário interno insiste em apresentar desafios que estão na contramão do potencial esperado para o Brasil. O principal deles é a alta taxa de juros, atualmente em 15% ao ano – a mais elevada desde 2006.

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Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa na última quarta-feira (17) e adotou um discurso mais duro que o esperado, sinalizando que os juros podem ficar altos por mais tempo. A expectativa é que os cortes comecem apenas a partir do início do próximo ano.

“Em conversa com empresários e empreendedores, existe um temor a mais que os juros a 15%, que é a incerteza”, defendeu.

Wu definiu a questão fiscal como um problema clássico do país, que independe do governo no poder. Existe, no entanto, uma incerteza extra sobre o que pode acontecer a partir das eleições presidenciais de 2026.

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“Há toda uma expectativa do mercado e do setor privado de olhar para entender qual o projeto para o fiscal a partir de 2026. Se for dado um mínimo de previsibilidade, é possível transformar isso em PIB”, avaliou.

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