Por que a Porsche aumentou a aposta em elétricos no Brasil, segundo o CEO

Marca de esportivos de luxo anuncia novos investimentos em infraestrutura de carregadores elétricos voltados para rodovias. ‘O Brasil é um país verde’, disse Peter Vogel à Bloomberg Línea

posto recarga porsche
10 de Setembro, 2025 | 05:27 AM

Bloomberg Línea — Enquanto diferentes montadoras revisam a estratégia de portfólio de carros elétricos globalmente, em um contexto desafiador para a transição energética, a Porsche (POAHF) decidiu ampliar a aposta na eletrificação.

Após a marca de esportivos de luxo lançar na semana passada o 911 Turbo S híbrido, a versão “mais rápida e potente da história” do icônico modelo, o grupo alemão anunciou nesta terça-feira (9) um novo ciclo de investimentos em infraestrutura de recarga no Brasil, no montante de R$ 70 milhões.

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Para o CEO da Porsche Brasil, Peter Vogel, no futuro a montadora deve alcançar uma participação cada vez maior de elétricos nas vendas.

“São carros melhores, mais convenientes e muito mais baratos de dirigir na maioria dos países, como no Brasil. Queremos oferecer não apenas elétricos mas todas as possibilidades para os clientes, como modelos a combustão e híbridos. Mas o futuro é definitivamente elétrico”, afirmou o executivo à Bloomberg Línea após o evento de anúncio do investimento, em São Paulo.

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O programa de aporte será realizado em fases até 2030 em parceria com a rede de concessionários e a GreenV. Com o novo ciclo, a montadora adicionará 66 carregadores ultrarrápidos à sua rede em rodovias, para um total de 104 unidades.

A primeira estação resultante do novo projeto já está em operação, localizada no restaurante “A Quinta do Marquês”, na rodovia Presidente Castello Branco, em São Paulo.

O prazo para concluir todas as instalações é 2028.

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“O projeto é escalonado porque precisamos trazer os equipamentos [para o país], que são sofisticados, a maioria importada. Além disso, temos que traçar a localização de cada um deles, bem como viabilizar a oferta de energia nos pontos, e isso é muito difícil”, disse o diretor de desenvolvimento de negócios da Porsche Brasil, Leandro Giacon.

Para o novo projeto, cada carregador terá capacidade para dois plugues de 150 kW, sendo um exclusivo para clientes da marca de luxo.

Somando os ciclos anteriores, a Porsche atingirá a cifra de R$ 167 milhões investidos em infraestrutura de recarga no país em conjunto com sua rede de concessionários.

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estação recarga porsche

Além dos carregadores em rodovias, a rede de Porsche Centers oferece 23 estações de carregamento ultrarrápidos nas cidades em que atua.

A marca também oferece mais de 200 carregadores de 11kW espalhados pelo país em pontos de conveniência.

Em paralelo, mais de 4.000 instalações foram feitas em residências de clientes da Porsche até o momento, efetuadas pela GreenV, que trabalha em conjunto com a montadora alemã desde 2018.

Na avaliação do sócio-fundador e COO da GreenV, Marcos Nogueira, haverá uma demanda crescente por carros eletrificados nos próximos anos. “O brasileiro já entendeu o quanto o carro elétrico é benéfico”, disse à Bloomberg Línea.

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A GreenV já instalou mais de 10.000 carregadores para clientes finais no Brasil (residenciais e comerciais), de diversas marcas. Já a rede de carregadores públicos da companhia soma 500 unidades, tanto de carga rápida quanto lenta.

Mercado estratégico

Para Vogel, o grande diferencial do Brasil é sua matriz energética.

“Mais de 85% da eletricidade gerada no país vem de fontes limpas e renováveis, muito acima da média global. Somos um país verde, você não acha isso em nenhum outro lugar”, disse o executivo.

O executivo afirmou que as vendas da Porsche no Brasil tem sido impulsionadas pelo que descreveu como uma cultura muito forte de carros esportivos.

Segundo dados da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias do país, a Porsche registrou quase metade do market share de carros esportivos no acumulado de 2025 até agosto (47,8% do total). O modelo 911 liderou o ranking de emplacamentos no período, com 27,7% de participação.

Vogel disse que o mercado brasileiro tem se tornado cada vez mais estável.

“As perspectivas econômicas para os próximos dois ou três anos são positivas, embora haja muitas normas e regulações. A vida do importador nem sempre é fácil, mas obviamente seguimos 100% [com o planejamento]”, disse o executivo.

“Estamos esperançosos de que finalmente conseguiremos fechar um acordo do Mercosul com a União Europeia, o que acredito ser uma grande oportunidade tanto para o Brasil quanto para o bloco europeu para aumentar os negócios em ambas as direções”, acrescentou.

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