Bloomberg Línea — Do universo do surf na década de 1970, a Mormaii trilhou um caminho que a transformou em uma plataforma de múltiplas modalidades esportivas nos dias de hoje. Skate, beach tennis, bicicleta e até corrida, em processo de expansão, fazem parte da estratégia da companhia para crescer.
Essa evolução levou ao surgimento de uma nova proposta para a marca: a criação da rede Studio Integrado Mormaii Fitness, com foco no público das classes A e B. O negócio teve a sua primeira unidade inaugurada em 2015, sob o comando de Enrico Ferrari.
O modelo de negócio atual da Mormaii funciona com base em licenciamentos, com uma operação diversificada em atividades e cerca de 40 fabricantes que desenvolvem cada linha de produto de acordo com a expertise.
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Os relógios, por exemplo, são fabricados pela Technos, e os chinelos, pela Grendene. No último ano, a companhia encerrou com mais de R$ 1 bilhão em vendas no sell-out, ou seja, em lojas para o consumidor final.
Ferrari, fundador da Metalife Pilates, empresa que vendeu há mais de um década, levou a proposta de um espaço diferente para o criador da Mormaii, o médico Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo.
O conceito previa um espaço de pilates com um modelo mais amplo e uma operação conectada ao estilo da marca. Na fase de desenvolvimento do negócio, os estúdios foram pensados com uma metodologia que combina exercícios de mobilidade, força e cardio, sob a sigla TIM (Treinamento Integrado Mormaii).
O pilates foi inserido em um segundo momento, com o método alemão “Five Konzept”. Todas as aulas são assistidas e feitas em pequenos grupos.
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Caminhos para crescer
Modelos especializados, com serviços exclusivos ou para menores grupos, têm crescido no país e representam 44% do total dos centros de práticas fitness, de acordo com o Panorama Setorial Fitness Brasil de 2024.
As chamadas academias multisserviço ficam com 16% do total, que corresponde a uma base superior a 30.000 estabelecimentos.
Em dez anos, o Studio Mormaii saiu de uma unidade inaugural em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, para uma base distribuída geograficamente pelo país. São Paulo concentra a operação com mais de 30 pontos, dos quais 20 na capital.

Do total, apenas quatro unidades são próprias — todas localizadas em Florianópolis —, enquanto o restante da rede opera sob franquia.
Cada unidade sai por um investimento entre R$ 600 mil e R$ 700 mil, e o intervalo de retorno gira entre 18 e 24 meses, uma média no setor de franquias.
“Nós investimos muito em estratégias digitais e crescemos em São Paulo, o que também chamou a atenção de outros estados. Mas a virada se deu quando começamos a usar a própria rede da Mormaii para ganhar notoriedade”, afirmou Ferrari.
Segundo números divulgados, a rede conta com uma base com mais de 12.000 alunos, número que cresceu 26% em abril de 2025 na base anual.
O tíquete médio mensal por aluno fica em torno de R$ 500,00 pelo direito a duas sessões semanais. A visão é a de que os estúdios funcionam mais uma atividade-meio e que, portanto, não concorrem com academias.
Novas ambições
No primeiro semestre, o faturamento médio mensal da rede chegou à marca de R$ 3,5 milhões. A expectativa é que esse valor cresça de 15% a 20% ao longo dos próximos meses - ou seja, poderia chegar a R$ 4,2 milhões ao mês. Isso elevaria a receita anualizada para um montante próximo a R$ 50 milhões.
A ambição do empreendedor é dar escala ao negócio e chegar a 350 unidades no país no intervalo entre 3 e 5 anos. Para chegar lá, Ferrari pretende reforçar o apelo da marca, cada vez mais ligada ao universo esportivo em geral e aproveitar o que considera uma “tempestade perfeita” - a favor.
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“Naturalmente, cada vez mais pessoas associam a Mormaii à atividade física”, disse.
“E o mercado está caindo no nosso ‘colo’. Pessoas mais velhas praticam mais e não abrem mão de fazer atividade física, e os jovens trocam a noite pelo dia. Isso é sensacional, é um momento perfeito.”
Além da gestão dos estúdios, a empresa do executivo, batizada de M7, cuida das lojas franqueadas e do marketplace da Mormaii. Os estúdios representam 40% da receita, e a divisão de vestimentas e acessórios fica com 60%.
A expansão dos estúdios passa por usar o conhecimento reunido em outras frentes para expandir o posicionamento da marca, segundo o executivo, e atrair novos franqueados. E conta também com o “efeito da experiência”.
“Hoje, muitos dos nossos franqueados são alunos ou ex-alunos. Isso mostra que estamos entregando a nossa promessa de valor”, afirmou Ferrari.
Há novidades sendo entregues, segundo ele, dado que os estúdios começaram a ganhar funcionalidades. A primeira é uma área de recovery, com banheira de gelo, bota de compressão e sauna. O projeto começou em Florianópolis e está previsto para chegar aos demais estados ao longo do segundo semestre.
“Estamos entrando em um ecossistema de saúde, com um espaço em que o cliente possa treinar com intensidade, com menor intensidade, trabalhar mobilidade e fazer o recovery. Queremos que as pessoas entendam os estúdios como uma solução de saúde”, disse Ferrari.
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