A Moriah decidiu investir na tese do bem-estar. O seu portfólio já vale R$ 1,86 bi

Empresa de investimento já conta mais de 25 marcas em que possui participação, como Oakberry, Desinchá e Frutaria São Paulo; e negocia novos aportes com valor somado de até R$ 100 milhões, contou o CEO, Fabiano Zettel, à Bloomberg Línea

O maior desembolso da empresa criada por Zettel foi na Oakberry, a conhecida marca de açaí, presente em mais de 50 países. A Moriah aportou R$ 120 milhões, em uma rodada complementar ao investimento de R$ 325 milhões do BTG Pactual feito na companhia liderada por Georgios Frangulis
23 de Maio, 2025 | 10:51 AM

Bloomberg Línea — “Você tem que ser muito incompetente para não ganhar dinheiro com a saudabilidade porque é um mercado carente, com um público que quer experimentar, ter novas experiências e conhecer novos produtos”, costuma dizer Fabiano Zettel, fundador e CEO da Moriah Asset.

A gestora que acredita e investe na tese do bem-estar conta com um portfólio com 28 empresas ou marcas, em um movimento iniciado em 2022 com um aporte na Desinchá, de R$ 45 milhões.

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A lista conta ainda com a marca de chocolates bean to bar Haoma, a Solo Snacks, a Frutaria São Paulo, a Les Cinq Gym, a marca de moda fitness Army e os suplementos da Super Nutrition.

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A Moriah compra em geral fatias minoritárias, entre 15% e 25% do capital, o que se traduz em poder de negociação sobre os rumos dos negócios.

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O maior desembolso da empresa criada por Zettel foi na Oakberry, a conhecida marca de açaí hoje presente em mais de 50 países.

A Moriah aportou R$ 120 milhões, em uma rodada complementar ao investimento de R$ 325 milhões do BTG Pactual na companhia liderada por Georgios Frangulis.

Juntas, as empresas do portfólio têm um valuation de R$ 1,86 bilhão, de acordo com dados da Moriah.

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“Se eu pegar números absolutos de 2022 para 2025, os valuations das empresas investidas pela Moriah mais do que triplicaram em três anos. Ou seja, o retorno é real, é garantido”, disse o investidor.

No Brasil, o mercado de wellness é estimado em R$ 550 bilhões, ainda uma fração dos US$ 6,3 trilhões movimentados no mundo em 2023. De acordo com a Global Wellness Institute, o setor deve bater US$ 9 trilhões em 2028.

Fabiano Zettel, CEO da Moriah Asset: e eu pegar números absolutos de 2022 para 2025, os valuations das empresas investidas pela Moriah mais do que triplicaram em três anos

A premissa dos investimentos da empresa é cobrir todo ecossistema de saudabilidade ao longo do tempo e não ter negócios que concorram entre si, até para poder fomentar as trocas e as sinergias entre os ativos.

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Além de produtos, suplementos e restaurantes de comida saudável, estão no horizonte de observação oportunidades em saúde mental, sociabilidade e até no universo pet, uma das tendências globais do setor de bem-estar.

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No momento, a Moriah negocia a entrada em três potenciais investidas: uma rede de academias, uma rede de estúdios de yoga e uma empresa de medicina voltada à prática esportiva.

“A minha expectativa para o ano de 2025 é movimentar alguma coisa na casa dos R$ 80 milhões a R$ 100 milhões”, afirmou Zettel à Bloomberg Línea, em recente entrevista no lançamento do Cubo Wellbeing, vertical para práticas esportivas e hábitos de bem-estar do conhecido hub de inovação do Itaú.

Como funciona a Moriah Asset

A depender das oportunidades, o montante investido pode ser maior do que o histórico. “O valor que temos para investir é um mistério, porque, quando uma oportunidade boa surge, nós nos viramos para fazemos acontecer”.

Apesar do “asset” do nome, a Moriah não é uma gestora ou um fundo de investimentos. Nem pretende ser, de acordo com o CEO.

“Por mais de 30 anos da minha vida, eu fui empregado. E quem tem sócio, tem chefe. Se eu puder esticar o máximo a corda, sem ter chefe, eu vou tentar me manter assim, até porque a Moriah tem muito esse elemento pessoal, holístico, na análise do empreendedor”, disse o executivo.

“Se eu transformo isso em um fundo, vem frieza, planilha de excel, e não tem sonho, não tem visão. O negócio fica mais engessado”, defendeu.

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Advogado de formação, o empresário e investidor teve escritório de advocacia, atuou como professor de direito empresarial e trabalhou no mercado financeiro exercendo a profissão.

Somando as experiências e os investimentos bem-sucedidos no setor imobiliário, Zettel, que começou a vida vendendo batata na feira aos 13 anos no interior de Minas Gerais, construiu um patrimônio que abriu caminho para que se tornasse um dos principais nomes na tese de saudabilidade no país.

A motivação para trocar o terno pela camiseta, contou, foi a longa relação que cultiva com o tema do bem-estar e com as práticas esportivas.

Com quase 50 anos, o empresário já passou pelo judô, boxe, musculação, corrida e triatlo e se dedica atualmente ao crossfit.

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Desde o início da operação em 2022, a Moriah empregou cerca de R$ 300 milhões em recursos.

Como o “bolso tem fundo”, como diz Zettel, a empresa se capitaliza para novos aportes com o retorno das investidas, que, a depender do momento, distribuem lucro em bases anual, semestral e até mesmo mensal.

Em um casos, a empresa também adota um modelo de fluxo, em que a investida recebe os cheques de acordo com o avanço das estratégias e a execução dos planos.

“De preferência, os desembolsos vão sendo feitos de acordo com as etapas que a empresa cumpre. Isso não é desconfiança, muito pelo contrário, é cuidado. É importante para a Moriah acompanhar a destinação dos recursos para ajudar no crescimento como todo”, afirmou Zettel.

Para apoiar o modelo de negócio, a Moriah conta hoje com uma equipe multidisciplinar em torno de 30 pessoas, que ficam responsáveis por acompanhar as investidas e trazer insumos em diversas áreas de atuação, da comunicação até a parte juridico-financeira.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark