Na COP30, países buscam elaborar roteiro para abandonar os combustíveis fósseis

Países como o Reino Unido, Alemanha, França, Dinamarca, Colômbia e Quênia, além do Brasil, sinalizaram apoio para tentar chegar a um acordo sobre as diretrizes de uma transição para se afasta dos combustíveis fósseis

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Bloomberg — Dois anos atrás, na COP28 em Dubai, o mundo concordou em fazer a transição para se afastar dos combustíveis fósseis. Na COP30, há um movimento nascente que tenta tornar isso uma realidade mais concreta.

Tudo começou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez um pedido marcante — e para muitos, surpreendente — aos líderes mundiais para que preparem um roteiro capaz de cumprir a promessa feita em Dubai. E agora alguns dos países mais ambiciosos estão tentando construir uma coalizão para alcançar esse objetivo.

Liderados pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, países como o Reino Unido, Alemanha, França, Dinamarca, Colômbia e Quênia sinalizaram apoio para tentar chegar a um acordo sobre as diretrizes de uma transição para uma economia sem combustíveis fósseis.

A Colômbia trabalha paralelamente em uma declaração a ser divulgada na próxima semana, cujo rascunho foi visto pela Bloomberg News e ainda está sujeito a alterações. Ela já foi assinada por alguns estados insulares, com a expectativa de criar uma massa crítica.

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Não faz sentido investir nos modelos sujos e ineficientes do século XX, disse Marina Silva na terça-feira (11), em um evento paralelo à COP30, realizada em Belém. Ela acrescentou que há desafios, mas é preciso esforços para uma transição justa e planejada para deixar a dependência dos combustíveis fósseis.

Até o momento, a ideia de um roteiro para os combustíveis fósseis se desenvolve, em grande parte, fora do labirinto das salas de negociação da cúpula, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

Mas uma das possibilidades consideradas é incluí-lo na decisão final ou abrangente que sairá desta COP, para que os países possam trabalhar nele ao longo do próximo ano. Um plano semelhante foi adotado no ano passado para ampliar o financiamento climático.

“Apoiaremos qualquer decisão de criar um roteiro para a transição longe dos combustíveis fósseis aqui em Belém”, disse Jochen Flasbarth, secretário de Estado para o Clima da Alemanha. “Seria um ótimo sinal, e espero que o consigamos.”

No entanto, chegar a um acordo mais concreto sobre uma transição dos combustíveis fósseis ainda enfrenta muitos obstáculos — especialmente pelo fato de que alguns dos maiores produtores, como a Arábia Saudita e outros estados do Golfo, têm sido encorajados pelo fato de o presidente americano Donald Trump ter retirado os EUA do histórico Acordo de Paris e intensificado a produção de petróleo, gás e carvão.

A chave será não apenas convencer os países em desenvolvimento a abandonar o modelo tradicional de desenvolvimento baseado em combustíveis fósseis, mas também enfrentar a potencial pressão dos EUA, especialmente depois que o governo Trump frustrou os esforços para introduzir a primeira taxa fixa de carbono no transporte marítimo no mês passado.

“Se continuarmos a depender de combustíveis fósseis, ficaremos presos ao passado”, disse Ali Mohamed, enviado especial do Quênia para as mudanças climáticas. Mas “não podemos simplesmente fazer essa transição imediatamente”.

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