Maioria dos governos ‘está cego’ em relação aos custos climáticos, aponta estudo

Governos em geral tem pouca ideia de quanto gasta no combate às mudanças climáticas ou como lidar com seus efeitos cada vez piores, segundo nova plataforma Climate Scanner, que já abrange mais de 140 países e tem o apoio do BID

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Bloomberg — A maioria dos governos tem pouca ideia de quanto gasta no combate às mudanças climáticas - ou de como lidar com seus efeitos cada vez piores.

Essa é a conclusão de um novo estudo global que utiliza o Climate Scanner, uma plataforma apresentada na terça-feira (11) em Belém durante a cúpula climática COP30 da ONU.

A ferramenta avalia e acompanha como os governos gerenciam a ação climática, desde o planejamento até o orçamento.

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O estudo constatou que nove em cada dez países não conhecem seus gastos com o clima, enquanto sete em cada dez não têm estratégias adequadas de médio e longo prazo para lidar com os impactos climáticos.

Quatro em cada dez não têm planos de adaptação adequados, e três quartos das nações em desenvolvimento têm dificuldade até mesmo para estimar os recursos necessários para enfrentar a crise.

“A plataforma oferece à sociedade uma ferramenta para responsabilizar os governos em todos os níveis”, disse Vital do Rêgo Filho, presidente do Tribunal de Contas da União, que liderou a iniciativa.

“Vocês podem ver o compromisso de cada país com a governança, as políticas públicas e o orçamento.”

A plataforma avalia os países em 15 indicadores, incluindo legislação climática, capacidade institucional de planejar, implementar e monitorar políticas, estratégias de redução de emissões e alocações orçamentárias para ações climáticas.

Um total de 103 países - incluindo o Reino Unido, a Alemanha, o Japão, o Canadá, a Argentina e os Emirados Árabes Unidos - foram avaliados para o estudo.

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Os EUA e a China ainda não enviaram seus dados, mas espera-se que o façam em breve, disse Rêgo Filho.

Mais de 140 países aderiram à iniciativa Climate Scanner, apoiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Essa escala a torna uma ferramenta de referência com potencial real para orientar reformas, melhorar políticas e fortalecer a responsabilidade climática”, disse o presidente do BID, Ilan Goldfajn.

“Sem dados confiáveis, não há como medir o progresso, ajustar as políticas ou priorizar os investimentos.”

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