Esboço de acordo do Brasil para a COP30 omite plano para abandonar combustíveis fósseis

Minuta emitida pela presidência brasileira da conferência do clima conclama os países a acelerarem a ação climática de forma voluntária, mas não apresenta um roteiro para a transição do petróleo, do gás natural e do carvão

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Bloomberg — O Brasil apresentou à cúpula climática COP30 um esboço de acordo nas primeiras horas da sexta-feira (21) que omitiu qualquer referência a um plano para abandonar os combustíveis fósseis em meio à forte resistência dos países produtores.

A minuta do acordo de sete páginas emitida pela presidência brasileira da COP30 conclamou os países a acelerarem a ação climática, inclusive por meio de um “Acelerador de Implementação Global” voluntário. Mas não apresentou um roteiro para a transição do petróleo, do gás natural e do carvão, uma das principais demandas dos cerca de 80 países presentes na cúpula realizada na cidade amazônica de Belém.

Apelidado de “Mutirão Global”, o projeto de acordo quase certamente será recebido com decepção, e até mesmo raiva, por grupos como a União Europeia e aqueles que estão na linha de frente das mudanças climáticas.

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Ele também poderá causar mais divisões dentro do governo brasileiro, já que a ministra do meio ambiente e do clima, Marina Silva, é uma das principais defensoras de um roteiro para os combustíveis fósseis.

As negociações da COP30 devem terminar na noite de sexta-feira, mas provavelmente passará disso, especialmente depois que um incêndio irrompeu no local da conferência na tarde de quinta-feira, fechando-o por várias horas.

A pressão para abandonar os combustíveis fósseis é, há muito tempo, um dos aspectos mais controversos das negociações climáticas anuais da ONU.

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O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, disse que há uma “resistência significativa” a um acordo que preveja os próximos passos para o abandono dos combustíveis fósseis, e os países produtores, como a Arábia Saudita, têm frequentemente agido como um bloqueio às referências à sua eliminação gradual.

O esboço da decisão também exige esforços para triplicar o financiamento da adaptação até 2030 em relação aos níveis de 2025, o que normalmente é visto como cerca de US$ 120 bilhões.

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