Brasol, apoiada pela BlackRock, mira R$ 20 bi em aquisições em energia solar no Brasil

Em entrevista à Bloomberg News, o CEO Ty Eldridge diz que já apresentou ofertas para adquirir 25% dos ativos de energia solar avaliados; plano é desembolsar R$ 1,5 bilhão em aquisições por ano

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Bloomberg — Uma empresa brasileira de energia renovável, apoiada pela BlackRock, avaliou R$ 20 bilhões em ativos de energia solar de pequena escala no Brasil e apresentou ofertas para adquirir cerca de 25% deles, com alguns negócios possivelmente sendo concluídos ainda neste ano.

A Brasol, com sede em São Paulo, tem como meta realizar aquisições avaliadas em cerca de R$ 1,5 bilhão por ano para ampliar sua geração de energia, afirmou o CEO Ty Eldridge em entrevista para a Bloomberg News.

As altas taxas de juros têm limitado a capacidade de alguns desenvolvedores de refinanciar projetos e contribuem para uma desaceleração nos investimentos, o que torna este um momento atrativo para a expansão da Brasol por meio de aquisições.

“Vemos hoje muitas empresas em que o serviço da dívida está consumindo quase todo o fluxo de caixa”, disse Eldridge.

“A Brasol, como uma empresa bem capitalizada, está em posição de adquirir esses ativos, reestruturar a dívida” e esperar por “condições melhores para refinanciá-la”.

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O Brasil adicionou um recorde de acréscimo de 23,7 gigawatts de nova capacidade eólica e solar no ano passado, mas a expectativa é que o crescimento desacelere até 2027, dado que a geração tem superado a demanda e sobrecarregado a rede elétrica, segundo a BloombergNEF.

A Brasol tem realizado investimentos nos chamados projetos de geração distribuída, nos quais a eletricidade é produzida perto do ponto de consumo. Isso os torna menos suscetíveis às restrições de transmissão que obrigaram alguns projetos de energia renovável a reduzir a produção, após uma expansão de capacidade mais rápida do que o esperado.

Eldridge disse acreditar que projetos de geração distribuída se tornarão mais valiosos com o tempo, à medida que os data centers e os veículos elétricos exigirem mais eletricidade.

A empresa também investe em infraestrutura de transmissão e baterias de grande escala que possam ajudar a equilibrar as flutuações na energia renovável, que depende do vento e da luz solar.

Eldridge prevê que o atual excedente de eletricidade poderá se transformar em escassez sem investimentos suficientes em baterias, transmissão e distribuição, que exigem incentivos governamentais e regulamentações claras para uma rápida expansão.

“Os data centers serão construídos e começarão a consumir energia”, disse. “Isso é uma receita para instabilidade generalizada e apagões”, a menos que os investimentos necessários sejam feitos.

A Brasol investiu mais de R$ 2 bilhões em projetos que incluem parques solares e subestações de energia elétrica no país, segundo o site da empresa.

A BlackRock adquiriu uma participação minoritária na empresa em 2023 por um valor não revelado.

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