Bloomberg — A BlackRock explora maneiras de atrair mais capital para mercados emergentes, onde os esforços para financiar a transição para uma economia de baixo carbono têm sido até agora enfraquecidos por percepções de risco.
Os clientes “resistem à alocação em mercados emergentes devido aos riscos percebidos e reais em torno da conversibilidade da moeda, do risco soberano”, diz Emily Woodland, chefe de soluções sustentáveis e de transição para a região da APAC na BlackRock.
“A transição energética é complexa, ainda mais nos mercados emergentes e na Ásia-Pacífico, e na verdade apenas cerca de 11% dos gastos com infraestrutura nos últimos cinco anos foram destinados aos mercados emergentes, incluindo a Ásia”, disse Woodland durante um painel na Semana Verde de Hong Kong, nesta segunda-feira (8).
À medida que a maior parte do financiamento da transição é canalizada para mercados desenvolvidos, o objetivo de direcionar capital para regiões mais pobres que precisam dele com mais urgência tem dominado as discussões sobre o financiamento climático.
Leia também: BlackRock perde contrato bilionário diante de suposta discordância em risco climático
O assunto deve voltar à pauta em novembro, com líderes governamentais e executivos de empresas viajando ao Brasil para a cúpula do clima COP30.
“Você realmente precisa escolher como empacotar os riscos nestes mercados, porque mesmo que os clientes queiram alocar neste espaço, eles ainda têm taxas mínimas internas que precisam manter, e não podem abrir mão disso”, afirmou Woodland.
Entre os modelos que demonstraram potencial para resolver o problema está o financiamento misto, que consiste numa combinação de recursos públicos e privados que são, então, canalizados para objetivos sustentáveis.
Nesta segunda-feira, a Autoridade Monetária de Singapura disse que uma parceria de financiamento misto, apoiada pelo governo, concluiu a primeira rodada com US$ 510 milhões de capital comprometido de instituições privadas, públicas e filantrópicas globais e regionais.
Leia também: BlackRock quer expandir serviço de consultoria no Brasil. E começa com o Paraná
Outros exemplos de financiamento misto que se provaram comercialmente viáveis até agora incluem swaps de dívida, nos quais investidores privados compram títulos usados para ajudar nações mais pobres a refinanciar suas dívidas, com as economias destinadas a objetivos ambientais ou sociais.
Esses acordos são frequentemente respaldados por garantias de bancos multilaterais de desenvolvimento, o que ajuda a reduzir o risco para investidores privados, enquanto mantêm os custos baixos para os tomadores.
Para atrair clientes para metas de financiamento de transição no mundo em desenvolvimento, a BlackRock percebeu que precisa “entregar a eles um perfil de risco-retorno comercial que pareça e seja sentido como o que eles estão acostumados e que possa coexistir com a sua alocação de ativos existente, em vez de algo que pareça muito de nicho e estranho, que seja um pouco difícil fazer com que todos se alinhem internamente”, disse Woodland.
Leia também: Para BlackRock, América Latina tem ‘o que é preciso’ para se beneficiar da IA
A BlackRock atualmente desenvolve seu segundo e terceiro fundos de financiamento misto de larga escala, o que trouxe “alguns aprendizados” sobre os tipos de estruturas de risco que os investidores estão dispostos a aceitar, segundo Woodland.
Para instrumentos de dívida, por exemplo, o objetivo seria que um acordo de financiamento misto se assemelhasse a um produto com grau de investimento “que se equiparasse às alocações existentes”, acrescentou.
Por enquanto, os mercados desenvolvidos recebem mais capital para acordos de financiamento de transição, afirmou ela.
“A realidade é que, até o momento, a maior parte desse capital ainda é investida em mercados desenvolvidos e não em mercados emergentes. E a realidade é que a tolerância ao risco de grandes investidores tradicionais ainda não foi construída para alocar em mercados emergentes em larga escala”, observou Woodland.
Veja mais em bloomberg.com