Bloomberg — A menos de um ano das eleições presidenciais de 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ganhou terreno sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo uma nova pesquisa AtlasIntel.
Lula concorre a um quarto mandato sem precedentes como presidente, mas a disputa de 2026 permanece indefinida, mesmo após o ex-presidente Jair Bolsonaro ter começado a cumprir pena de prisão há pouco mais de uma semana por tentativa de golpe após apertada derrota na reeleição de 2022.
Em uma simulação de segundo turno com Lula, o governador agora está apenas dois pontos percentuais atrás.
Nesse cenário, o petista obtém 49% dos votos, contra 47% de Tarcísio, de acordo com a LatAm Pulse, pesquisa realizada pela AtlasIntel para a Bloomberg News e publicada nesta terça-feira (2).
Tarcísio de Freitas é um dos nomes mais desejados pelo mercado. Mesmo antes de Bolsonaro ser subitamente obrigado a começar a cumprir sua pena de mais de 27 anos de prisão, após danificar a tornozeleira eletrônica, a apreensão dos investidores já crescia dado que os partidos de direita disputam quem será o sucessor do ex-presidente na corrida ao Planalto.
Na semana passada, Tarcísio afirmou que o candidato da direita à presidência deve ser anunciado no início de 2026. Em um evento, ele focou sua argumentação em uma crítica à gestão econômica de Lula, insistindo que uma mudança de governo “libertaria a economia” e atrairia mais capital, além de controlar a inflação e as taxas de juros.
Por ora, Tarcísio, que também foi ministro de Bolsonaro, tem agido com cautela, evitando qualquer movimento que possa alienar a base mais fiel do ex-presidente e reiterando que continua focado na campanha de reeleição como governador de São Paulo. Bolsonaro, segundo ele, ainda terá um papel fundamental na construção de um retorno da direita ao poder nas eleições de 2026.
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A pesquisa também mostrou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro está praticamente empatada com Tarcísio. Seu apoio se concentra entre mulheres e eleitores evangélicos, além de manter forte apoio da base política de seu marido.
Mas Jair Bolsonaro até agora se recusou a declarar apoio a Tarcísio ou a qualquer outro possível herdeiro da direita, enfatizando que pretende se candidatar novamente, apesar de seus problemas legais e de estar impedido de concorrer até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral. A tentativa de Bolsonaro de congelar o cenário político deixou os candidatos alternativos com pouco tempo para organizar suas próprias campanhas.
Aprovação de Lula cai
A pesquisa Atlas também apontou que o petista, que tem 80 anos, perdeu terreno entre os eleitores após um breve aumento de popularidade.
Lula viu seu apoio crescer depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas punitivas sobre produtos brasileiros em julho, em uma tentativa frustrada de ajudar seu aliado Bolsonaro a evitar condenação. Lula mobilizou o sentimento nacionalista e, por fim, conseguiu uma redução da tensão na guerra comercial com os EUA.
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Em novembro, o índice de aprovação do presidente caiu mais de 2 pontos percentuais, ficando em torno de 49%. Em outubro, o apoio a Lula estava em pouco mais de 51%.
Apesar de ter implementado medidas populistas, como a isenção do Imposto de Renda para aqueles que ganham até R$ 5.000, além de aumentar impostos sobre os mais ricos e dividendos, Lula não conseguiu ampliar sua vantagem nas pesquisas.
A queda de popularidade em novembro evidencia as profundas divisões do eleitorado, bem como os desafios de governabilidade enfrentados pelo atual presidente, agravados pelo controle conservador do Congresso.
Os eleitores entrevistados atribuem uma avaliação negativa ao atual terceiro mandato de Lula, com quase 49% descrevendo-o como ruim ou péssimo, enquanto apenas cerca de 44% o consideram bom.
A frustração com as contas públicas também é evidente, já que 54% dos entrevistados acreditam que a situação econômica do Brasil é ruim, o que aponta para a insatisfação dos eleitores com os rumos do país sob a direção de Lula.

O governo tem feito esforços para aumentar a arrecadação e cumprir as metas fiscais para este ano e o próximo, enquanto a taxa básica de juros, a Selic, está em seu nível mais alto em quase duas décadas. A inflação está bem acima da meta do Banco Central.
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“O aumento de popularidade decorrente da tensão com os EUA parece ter diminuído”, disse Dan Pan, economista do Standard Chartered. “O crescimento mais lento e os desafios fiscais persistentes podem afetar a popularidade de Lula, embora a divisão dentro da oposição ainda jogue a seu favor.”
A AtlasIntel entrevistou 5.510 pessoas entre 22 e 27 de novembro, com margem de erro de mais ou menos 1 ponto percentual e nível de confiança de 95%.
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