Seca na Amazônia leva a queima maior de diesel para gerar energia e evitar apagão

Centrais elétricas movidas ao combustível fóssil serão acionadas para garantir o fornecimento de eletricidade na região; seca recorde dificulta transporte fluvial

Seca em afluente do rio Amazonas, perto de Manaus
Por Peter Millard
05 de Outubro, 2023 | 01:54 PM

Bloomberg — O governo federal vai acionar duas centrais elétricas movidas a diesel para evitar apagões em meio a uma seca recorde na Amazônia que já causou a morte de botos e dificulta o transporte fluvial.

Duas usinas que queimam o combustível fóssil entrarão em operação para garantir eletricidade suficiente nos estados de Rondônia e Acre durante os horários de pico de demanda, conforme recomendação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No início desta semana, a operação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio foi interrompida em razão do nível baixo das águas do rio Madeira, em Porto Velho. O governo vem estocando diesel desde julho para garantir o fornecimento de energia. A seca afetou mais de 50 cidades e levou à declaração do estado de emergência.

“O ONS busca um maior nível de segurança energética” depois do apagão no início deste ano, disse em entrevista Rivaldo Moreira, CEO da consultoria Gas Energy.

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A seca histórica na Amazônia causou um aumento de incêndios florestais nos últimos meses e levou o governo a começar a dragar alguns dos principais afluentes do rio Amazonas para evitar gargalos logísticos. Mais de 100 botos morreram na região e alguns especialistas atribuem isso à seca e à água mais quente.

O ONS afirmou que as previsões meteorológicas não indicam melhora nos próximos dias, o que aumenta a necessidade de “implementar medidas urgentes e eficazes que continuem a garantir o abastecimento de energia na região”.

Enquanto a região Norte do Brasil passa por uma seca, houve fortes chuvas no Sul e no Sudeste nos últimos dois anos. Isso deixou os reservatórios em níveis acima da média para esta época do ano e ajudará a proteger os consumidores dos aumentos de tarifas.

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Por outro lado, as usinas movidas a diesel são mais caras de operar do que as hidrelétricas, de acordo com Celso Dall’Orto, especialista em política energética da consultoria PSR.

“O impacto no sistema integrado não é tão grande”, disse ele em entrevista.

-- Com a colaboração de Andrew Rosati e Mariana Durao.

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