Bloomberg — O ciclo de aperto monetário que levou a taxa de juros básica do Brasil a uma alta de quase duas décadas chegou ao fim, disse o diretor do Banco Central, Nilton David, na terça-feira, ao acrescentar que o próximo passo provavelmente será um corte.
“O ciclo de alta terminou”, disse David, diretor de política monetária do banco central, em um evento em São Paulo.
“O aumento das taxas de juros não faz mais parte do cenário básico do banco central. Hoje, se formos bem-sucedidos, a expectativa é que o próximo passo seja um corte. A única questão é quando.”
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Os dirigentes do Banco Central, liderados por Gabriel Galipolo, mantiveram a Selic de referência inalterada em 15% pela terceira reunião consecutiva no início deste mês, mas expressaram confiança de que a política restritiva estava controlando a inflação que, segundo eles, ficará acima da meta até 2027.
A autoridade monetária já havia aumentado os custos dos empréstimos em 4,5 pontos percentuais entre setembro de 2024 e junho deste ano.
As taxas de swap, que indicam o sentimento dos investidores em relação à política monetária, caíram durante o discurso de David, com os contratos com vencimento em janeiro de 2027 caindo até 6 pontos-base.
Embora a divulgação de dados dos EUA provavelmente tenha contribuído para isso, os comentários enviaram um “tom ligeiramente mais dovish” do que o oferecido pelos bancos centrais na ata da reunião de novembro, disse Marcos de Marchi, economista-chefe da Oriz Partners em São Paulo.
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David disse que sua intenção era reforçar a mensagem da ata, quando os dirigentes escreveram que optaram por “manter as taxas inalteradas por um período muito prolongado” e estavam confiantes de que isso seria suficiente para levar a inflação à meta de 3%.
“Um corte na taxa de juros em janeiro está definitivamente na mesa”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs Group. “Tudo se resume a quão conservador o banco central quer ser.”
Na segunda-feira, os economistas consultados pelo banco central reduziram suas previsões para a taxa de juros no final do ano de 2026 pela primeira vez desde setembro, projetando que os custos dos empréstimos cairão para 12% em dezembro do próximo ano. A inflação anual na maior economia da América Latina desacelerou para 4,68% em outubro.
Se a trajetória da inflação mudar, o banco central também alterará seu curso, disse David.
--Com a ajuda de Andre Loureiro Dias, Raphael Almeida, Giovanna Bellotti Azevedo e Felipe Saturnino.
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