Lula nomeia Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência em realinhamento para 2026

Escolha do deputado do PSOL mostra tentativa de distanciamento de Lula do centrão e tentativa de consolidar apoio entre movimentos sociais

A escolha acontece num momento em que Lula, embora se beneficie de uma taxa de aprovação crescente, vê seu relacionamento com os partidos centristas azedar (Foto: Bloomberg)
Por Franco Dantas
21 de Outubro, 2025 | 07:25 AM

Bloomberg — O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, nomeou o deputado Guilherme Boulos para um cargo-chave no gabinete, em uma tentativa de reforçar o apoio da esquerda antes da corrida eleitoral de 2026.

Na segunda-feira, Lula nomeou seu aliado Boulos para chefiar a Secretaria Geral da Presidência, e entregou ao legislador e ex-ativista um importante papel consultivo, encarregado de alcançar os movimentos sociais que formam a maior parte da base do presidente.

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A escolha do gabinete acontece no momento em que Lula - embora se beneficie de uma taxa de aprovação crescente - vê seu relacionamento com os partidos centristas azedar, forçando-o a dobrar seus principais apoiadores para possibilitar uma campanha de reeleição competitiva.

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No início deste ano, esperava-se que o presidente realizasse uma reforma em seu gabinete para obter o apoio dos partidos centristas antes da eleição de 2026.

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Mas, em vez disso, ele fez mudanças menores, e a escolha de Boulos, que às vezes foi considerado o herdeiro em potencial de Lula, acrescentará outra voz progressista ao seu círculo interno.

A tensão com os centristas, que detêm a maioria dos assentos no Congresso, não ajuda o caminho de Lula para um quarto mandato, já que os partidos anteriormente aliados agora parecem interessados em dificultar a aprovação de suas medidas.

Os investidores expressaram preocupações de que os esforços de Lula para reforçar o apoio antes da eleição, gastando mais e concentrando-se em sua base, tornarão ainda mais difícil a tarefa do banco central de controlar a inflação.

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Isso é especialmente verdadeiro quando as perspectivas de ajustes fiscais adicionais para melhorar as perspectivas orçamentárias do Brasil diminuem.

Boulos, 43 anos, surgiu no cenário político do Brasil como parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto antes de concorrer à presidência em 2018.

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Membro do Partido Socialismo e Liberdade, ou PSOL, Boulos há muito tempo concentra sua mensagem na necessidade de combater a desigualdade e reduzir a pobreza.

Ele foi eleito para o Congresso em 2022 e concorreu à prefeitura de São Paulo com o apoio de Lula no ano passado, quando sofreu sua segunda derrota em uma corrida para liderar a maior cidade do país.

--Com a ajuda de Daniel Carvalho.

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