Bloomberg — O Banco Central deve promover uma última alta da Selic na reunião do Copom em junho, de 0,25 ponto percentual, já que expectativas de inflação permanecem distantes da meta e a atividade segue em ritmo forte, diz Fernando Rocha, economista-chefe e sócio da JGP Asset Management.
Rocha enxerga a elevação final da Selic, que deve terminar o aperto em 15%, como uma “sintonia fina” do ciclo.
“O fato de dizer que se manterá vigilante e de citar calibragem dá impressão de que vai fazer um pouquinho mais, abre essa possibilidade”, afirma Rocha, em entrevista à Bloomberg News, ao mencionar o comunicado da decisão do Copom.
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Na semana passada, o BC elevou a Selic em 0,50 pp, para 14,75%, e analistas interpretaram que ficou em aberto a possibilidade de mais um aumento adicional ou o final do ciclo de aperto monetário.
Rocha avalia que o BC só começará a cortar os juros em abril de 2026, bem depois do que o mercado precifica atualmente — a curva dos juros futuros aponta queda de cerca de 0,25pp no fim do ano.
“Para ter um ambiente favorável a corte de juros e começar esse ciclo, a expectativa de inflação da Focus de um ano à frente tem que estar mais perto da meta, em pelo menos 3,5%”, disse Rocha. A Focus mais recente indicou uma mediana de IPCA de 4,5% para o próximo ano.
A previsão do economista é que, até por volta de abril do próximo ano, as expectativas para 2027 já estejam em trajetória descendente e se situem mais perto do nível do patamar de 3% perseguido pela autoridade monetária.
Rocha aponta que o cenário descrito pelo Copom continua a ser de expectativas desancoradas, prescrevendo juro em patamar significativamente contracionista por período prolongado, conforme o comunicado da semana passada.
“O que o BC parece dizer é que a Selic chegou em um patamar alto e que vai deixar a taxa nesse lugar por algum tempo”, afirma. “É um sinal de ‘alto por mais tempo’.”
Ata e acordo EUA-China
Segundo Rocha, o BC irá manter em aberto a sinalização dos próximos passos e reforçar que o ciclo está perto do fim, na ata do Copom que será divulgada nesta terça-feira. “Daqui para a frente, os movimentos têm que ser feitos com cautela.”
Para o economista, o fato de os EUA terem reduzido as tarifas para a China, ainda que pelo prazo de 90 dias, neutraliza parte dos efeitos “supostamente deflacionários” para a economia. “De qualquer forma, essas decisões podem ser revertidas a qualquer momento, o que reforça a incerteza”, afirma Rocha.
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