Bloomberg — O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso neste sábado (22) depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes considerou um risco de fuga após sua condenação por tentativa de golpe de Estado depois de sua derrota nas eleições de 2022.
Moraes ordenou a prisão de Bolsonaro depois que o filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro, convocou apoiadores para uma vigília em frente à residência onde o ex-presidente está em prisão domiciliar.
As autoridades acreditavam que havia uma ameaça crível de que Bolsonaro pudesse tentar buscar refúgio em uma embaixada estrangeira em Brasília em meio ao “caos” causado por tal vigília, escreveu Moraes em uma decisão.
Bolsonaro foi condenado em setembro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado após sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Em prisão domiciliar desde agosto, Bolsonaro, de 70 anos, foi detido pela Polícia Federal e mantido em sua sede em Brasília. Ele já havia sido obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica, e as preocupações com o risco de fuga surgiram de evidências de que ele teria adulterado o dispositivo, segundo a ordem de Moraes.
O painel de ministros do STF que supervisiona o caso de Bolsonaro negou um recurso inicial contra a condenação no início deste mês.
Seus advogados, que alegaram “profundas injustiças” em seu julgamento, solicitaram que ele cumprisse a pena em prisão domiciliar devido à sua idade avançada e saúde debilitada. Apesar da prisão de sábado, o STF ainda pode atender a esse pedido.
A prisão é o passo mais recente na rápida queda do ex-capitão do Exército que ascendeu dos bastidores do Congresso brasileiro à Presidência em 2018, impulsionado por um sentimento anti-establishment.
Isso ocorre em um momento em que Lula está em alta após conseguir um importante alívio tarifário de Donald Trump, o presidente dos EUA que impôs tarifas punitivas ao Brasil numa tentativa de ajudar Bolsonaro a escapar de seus problemas legais.
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O caso contra Bolsonaro teve origem em uma investigação sobre a tentativa de insurreição de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, quando milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram prédios federais enquanto pressionavam os militares a depor Lula uma semana após sua posse.
Posteriormente, os promotores acusaram Bolsonaro e sete aliados, incluindo militares e ex-membros de seu gabinete, de conspirar para um golpe de Estado que incluía planos para assassinar Lula, seu vice-presidente e Moraes.
Antes de sua própria prisão em 2018, os apoiadores de Lula organizaram vigílias nas quais multidões compareceram para apoiar o líder de esquerda que havia sido condenado por corrupção um ano antes. Lula, que governou o Brasil de 2003 a 2010, cumpriu 580 dias de prisão antes que as condenações fossem anuladas, preparando o terreno para seu retorno político e a derrota de Bolsonaro.
O julgamento de Bolsonaro desencadeou uma rápida deterioração nas relações entre os EUA e o Brasil, depois que Trump anunciou tarifas de 50% sobre muitos produtos brasileiros, numa tentativa de fazer com que o tribunal arquivasse as acusações. Posteriormente, a Casa Branca acrescentou sanções e restrições de visto a autoridades e seus familiares.
As duas maiores economias das Américas agora trabalham para restabelecer os laços, e Lula afirmou esperar uma “solução definitiva” para a disputa comercial após o encontro entre os dois na Malásia, em outubro.
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Em vez de ajudar Bolsonaro, a intervenção de Trump impulsionou a popularidade de Lula, antes em crise, que passou a figurar como o presidente mais popular entre os principais países da América do Sul em outubro.
Os problemas legais de Bolsonaro também complicaram a busca da direita brasileira por um adversário para Lula nas eleições presidenciais de 2026. O ex-presidente continua insistindo em sua intenção de concorrer novamente, apesar da condenação e da proibição de oito anos de se candidatar ou ocupar cargos públicos, deixando potenciais sucessores em um limbo enquanto tentam se posicionar para a disputa.
Investidores consideram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro do governo Bolsonaro, um provável candidato para o próximo ano. Membros da família Bolsonaro, incluindo sua esposa Michelle, também são considerados opções possíveis.
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