Bloomberg — O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o Brasil precisa que as taxas de juros permaneçam em um nível muito restritivo por mais tempo, aumentando as apostas dos investidores de que os diretores do BC poderiam interromper o atual ciclo de aperto em sua próxima reunião, em junho.
O Banco Central antecipou a política monetária e agora é lógico mantê-la apertada por um período mais longo, disse Galípolo durante um evento nesta segunda-feira (19), em São Paulo, organizado pelo Goldman Sachs.
O presidente do Banco Central também disse que o Brasil não está nem perto de debater uma inflexão na política monetária.
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Galípolo disse que há muita incerteza que poderia impactar o Brasil devido à política comercial e tarifária dos EUA e que o Banco Central é dependente de dados, o que torna difícil para os diretores oferecerem qualquer orientação futura em relação a decisões futuras.
“Estamos cientes de que, desta vez, precisamos manter essa taxa de juros por mais tempo em um nível restritivo”, disse Galípolo. “Essa é a comunicação que é possível ser feita hoje, dada a visibilidade que temos disponível com as incertezas, tanto do ponto de vista interno quanto externo.”
Os contratos futuros de juros no Brasil caíram mais de 10 pontos-base nas negociações de segunda-feira após o discurso de Galípolo, já que os investidores reduziram as apostas em outro aumento da taxa de juros.
Os diretores do Banco Central elevaram a taxa de jurs em 4,25 pontos percentuais desde setembro, para 14,75% ao ano, o nível mais alto em quase duas décadas, o que levou os investidores a refletirem sobre quando o banco central poderia interromper os aumentos das taxas.
Ainda assim, a política monetária mais rígida pouco fez para desacelerar a maior economia da América Latina.
Os dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira mostraram que a atividade econômica aumentou 0,8% em relação ao mês anterior em março, acima do esperado. A indústria liderou a expansão em 2,1% e a agricultura e os serviços também cresceram.
Um relatório deste mês mostrou que a inflação subiu pelo terceiro mês, para 5,53% em abril, em relação ao ano anterior, bem acima da meta do Banco Central de 3% mais ou menos 1,5 ponto percentual.
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