Citi desafia consenso e prevê Selic mais alta, em 10% ao ano, em dezembro

Ernesto Revilla, economista-chefe para a América Latina do banco de Wall Street, destacou à Bloomberg News a pressão do mercado de trabalho e do setor de serviços sobre os preços

Inflação de serviços deverá limitar espaço para cortes da Selic, na avaliação do Citi
Por Barbara Nascimento - Felipe Saturnino
16 de Fevereiro, 2024 | 12:07 PM

Bloomberg — Uma inflação de serviços persistente e a expectativa de que a alta dos preços nos próximos anos se manterá acima da meta do Banco Central deve limitar o espaço para o corte da Selic, na visão do Citi (C).

Segundo o economista-chefe para a América Latina do banco de Wall Street, Ernesto Revilla, o juro deve chegar a 10% ao ano no fim de 2024, patamar superior tanto à mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo relatório Focus do BC, de 9% ao ano, quanto da curva de juros futuros — que reflete apostas que estão meio ponto percentual acima do consenso do mercado.

Para Revilla, a tarefa mais fácil do processo de desinflação já foi atingida, com o controle dos preços ligados aos bens.

A questão que fica é o mercado de trabalho e salários fortes, que pressionam o setor de serviços. Ele cita ainda déficits fiscais acima do esperado no próximos anos, que puxam para cima as projeções para a alta dos preços no médio prazo.

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“Isso impõe um limite ao quanto o Banco Central pode cortar no curto prazo”, disse ele em entrevista à Bloomberg News.

Na ata da última reunião do Copom, o BC ressaltou que monitora “com bastante atenção” as variáveis do mercado de trabalho. O documento mostrou ainda a preocupação da autoridade com as expectativas inflacionárias.

Recuperação da atividade

Um cenário de taxas terminais ligeiramente acima do chamado patamar neutro — que equilibra inflação e crescimento — é previsto pelo Citi não só para o Brasil mas para toda a América Latina.

Se houver um pouso forçado da atividade, com uma desaceleração mais acentuada do crescimento, os bancos centrais poderão ter que aumentar o ritmo de flexibilização monetária, mas esse não é o cenário-base do banco, disse ele.

O economista-chefe disse acreditar ainda que a desaceleração do PIB doméstico causada pelos juros altos já aconteceu, e que o Brasil começará a apresentar crescimento na comparação trimestral, com a ajuda da Selic mais baixa.

Revilla destacou ainda as contas externas mais fortes não apenas no Brasil, mas na maioria dos países da América Latina, combinadas com um ambiente de commodities “relativamente favorável”, dão suporte para as moedas locais.

O Citi vê o câmbio em R$ 4,95 tanto em 2024 quanto em 2025.

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