Banco Central estuda acordos para conectar o Pix a sistemas de pagamento globais

Com autoridades do G20 reunidas em São Paulo esta semana, BC discute como tornar os pagamentos internacionais mais rápidos e mais baratos

Sede do BC, em Brasília: Pix alcança mais de 160 milhões de usuários
Por Maria Eloisa Capurro
27 de Fevereiro, 2024 | 02:59 PM

Bloomberg — O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central rapidamente se tornou um sucesso nacional, com mais de 160 milhões de usuários desde que foi lançado no final de 2020. Agora o plano é torná-lo global.

Com autoridades do G20 reunidas em São Paulo esta semana, o Banco Central discute como tornar os pagamentos internacionais mais rápidos e mais baratos, e considera o Pix como parte da resposta.

O Pix já supera cartões de crédito e débito como forma de pagamento preferida no país, despertando interesse na América Latina, Europa e África, onde autoridades tentam compreender a chave para a popularidade da plataforma.

O Banco Central estuda acordos para conectar o Pix com plataformas em todo o mundo, o que permitiria que o sistema chegasse muito além das fronteiras do Brasil. A Itália vem estudando o Pix e demonstrou interesse em um acordo bilateral.

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“Muitas jurisdições nos procuraram para explicar a infraestrutura, seu design e seu sucesso”, disse Mayara Yano, uma das analistas por trás do Pix, em entrevista.

O Banco de Compensações Internacionais, ou BIS na sigla em inglês, publicou um estudo de caso sobre o Pix no ano passado. E é um dos sistemas domésticos de pagamento instantâneo que pretende conectar por meio de seu projeto Nexus.

Cinco países asiáticos testam o Nexus, uma plataforma destinada a facilitar transações internacionais instantâneas, segundo o BIS. O Banco Central considera o sistema um “caminho promissor” para o Pix ganhar escala global além dos acordos bilaterais, disse Yano.

Mas o Pix já se espalha para países que recebem grandes números de viajantes brasileiros. Nos vizinhos Argentina e Uruguai, algumas fintechs e bancos regionais estão permitindo que turistas brasileiros paguem contas de restaurantes e hotéis com o sistema.

Os brasileiros pagam em reais por meio de um código QR vinculado a uma carteira digital ou processador de pagamentos, e as empresas recebem instantaneamente em moeda nacional, dólar ou stablecoin.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a tecnologia pode ajudar a construir um sistema financeiro mais eficiente e inclusivo em um país onde cerca de 30% da população não tinha conta em banco antes do Pix.

Após o seu lançamento, mais de 70 milhões de clientes fizeram a primeira transferência digital e agora apenas 16% não possuem conta em banco.

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“O Pix desempenhou um papel fundamental na inclusão financeira de milhões de brasileiros”, disse Campos Neto durante discurso de abertura da presidência do Brasil do G20, em dezembro.

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