Bloomberg — O Banco Central divulgou nesta terça-feira (13) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu por unanimidade na semana passada aumentar em 0,5 percentual a taxa Selic para 14,75% ao ano.
Os diretores do banco central afirmaram, na ata, que os juros elevados estão contribuindo para uma moderação do crescimento econômico — e que isso deve continuar nos próximos trimestres.
Ao mesmo tempo, os diretores alertaram que “em um ambiente de expectativas desancoradas, é necessário um aperto monetário maior e por um período mais longo do que seria apropriado em condições normais.”
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“As expectativas de inflação desancoradas são um fator de desconforto compartilhado por todos os membros do Comitê e precisam ser contidas”, escreveram os dirigentes na ata da reunião de política monetária realizada em 6 e 7 de maio, quando elevaram a taxa Selic em 0,50 ponto percentual.
Eles disseram esperar que os efeitos da política monetária restritiva “se aprofundem nos próximos trimestres”.
Os dirigentes elevaram os juros para 14,75%, o nível mais alto em quase duas décadas.
A inflação anual segue bem acima da meta de 3%. Ainda assim, as projeções para os preços ao consumidor neste ano recuaram ligeiramente, enquanto a incerteza no comércio global alimenta preocupações com um crescimento mais lento.
A inflação na maior economia da América Latina tem sido pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e pela forte demanda por serviços, além do impacto defasado da forte depreciação do real no final de 2024.
Os preços ao consumidor subiram 5,53% em abril na comparação anual, segundo o IBGE. Analistas ouvidos pelo Banco Central preveem que a inflação anual continuará acima da meta até 2028.
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Segundo a ata, a perspectiva de curto prazo para os preços ao consumidor permanece adversa.
A inflação de serviços está acima do nível necessário para o cumprimento da meta, e os preços dos alimentos seguem elevados, podendo impactar outros preços no médio prazo.
“O Copom avaliou que as medidas de inflação subjacente permanecem acima do valor compatível com o cumprimento da meta há meses, o que corrobora a interpretação de que a inflação está sendo pressionada pela demanda”, escreveram os dirigentes.
Enquanto isso, o impacto das tarifas comerciais globais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a economia brasileira ainda é incerto.
“Ainda é cedo para concluir qual será a magnitude do impacto na economia doméstica”, afirmaram os diretores.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ainda pode crescer cerca de 2,5% em 2025, apesar dos juros elevados, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista a um site de notícias local na segunda-feira.
Os diretores do Banco Central também seguem cautelosos em relação às políticas fiscais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante das preocupações dos investidores de que o líder de esquerda possa ser tentado a aumentar os gastos públicos à medida que se aproxima o ano eleitoral de 2026.
Segundo a ata, as incertezas em torno da dívida pública têm potencial para elevar a taxa de juros neutra da economia.
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