Ata do Copom: Banco Central diz que o impacto da Selic mais alta ainda está por vir

Em documento divulgado nesta terça-feira, os diretores do BC disseram que farão uma pausa para observar os efeitos da taxa de juros de 15% ao ano, mas não hesitarão em continuar com os aumentos, se apropriado

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Bloomberg — O Banco Central disse que fará uma pausa em seu ciclo de aumento da taxa de juros para observar os efeitos da política monetária mais rígida sobre a inflação, que está acima da meta de 3%, enfatizando que grande parte do impacto ainda está por vir.

O ciclo de aperto realizado até agora foi particularmente rápido e muito firme, escreveram os membros da diretoria, liderados por Gabriel Galípolo, na ata de sua decisão de 18 de junho, quando elevaram a Selic em 0,25 ponto, para 15% ao ano.

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não hesitarão em aumentar as taxas novamente, se necessário.

“O Comitê enfatiza que permanecerá vigilante, que as futuras medidas de política monetária podem ser ajustadas e que não hesitará em prosseguir com o ciclo de aumento das taxas, se apropriado”, escreveram os diretores do BC no documento publicado nesta terça-feira (24).

“A principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Copom foi que, em um ambiente de expectativas desancoradas - como é o caso atualmente - é necessária uma maior restrição monetária por um período mais longo do que seria apropriado”, escreveram.

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Os diretores do BC aumentaram a taxa de juros em 4,5 pontos percentuais desde setembro, uma vez que fatores como gastos públicos e baixo desemprego mantiveram a inflação acima da meta de 3%.

Ainda assim, há sinais de que a atividade econômica brasileira começa a esfriar. A atividade geral aumentou apenas 0,16% em abril, enquanto o varejo caiu no mesmo mês.

A economia local demonstrou uma resistência que complica os esforços do Banco Central para trazer a inflação de volta à meta, escreveram os formuladores de políticas. Ao mesmo tempo, há sinais de desaceleração em áreas importantes, como o mercado de crédito.

“O crédito bancário mostrou inflexão, com um aumento nas taxas de juros, menor apetite por risco na oferta de crédito”, escreveram.

Os membros do conselho também alertaram sobre uma perspectiva global adversa devido às tensões geopolíticas e comerciais.

Os formuladores de política monetária obtiveram alguma ajuda em sua luta contra a inflação devido à valorização de mais de 12% da moeda brasileira, o real, até agora neste ano.

Ainda assim, eles só veem a inflação desacelerando do nível atual de 5,32% para 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026, de acordo com estimativas publicadas na semana passada. Os economistas consultados pelo banco central veem o crescimento dos preços acima da meta até 2028.

A diretoria do Banco Central também monitora as consequências da política fiscal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a inflação.

Os mercados financeiros temem que o governo aumente os gastos públicos antes das eleições de 2026, fazendo com que as expectativas de preços ao consumidor permaneçam acima da meta.

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