Suzano vê disparada do preço da celulose puxada por escassez de terra, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg News, Walter Schalka afirma que a concorrência com produtores de culturas como soja e milho tem levado a empresa a buscar novas regiões para o cultivo de eucalipto

Walter Schalka
Por Dayanne Sousa
22 de Janeiro, 2024 | 07:43 AM

Bloomberg — A Suzano (SUZB3), maior fornecedora mundial de celulose, se prepara para uma disparada no custo da commodity em meio ao aumento dos preços de terras no Brasil.

Os fabricantes de celulose enfrentam concorrência acirrada com outros produtores agrícolas, o que levou a Suzano a buscar “novas fronteiras” para plantar eucalipto, disse o CEO Walter Schalka em entrevista à Bloomberg News.

“Não acho que o preço da celulose nos próximos dez anos será igual dos últimos dez anos. Na minha opinião, será maior”, disse Schalka antes do aniversário de 100 anos de sua empresa, nesta segunda-feira (22).

“O agro cresceu em uma velocidade muito grande no Brasil e a tecnologia do agro também vem aumentando, permitindo que produtos como soja e milho entrem em áreas que antigamente não conseguiam entrar e [em que] não eram competitivas.”

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A demanda mundial por celulose cresce com o uso cada vez maior do tipo produzido na América do Sul. O produto à base de eucalipto da região entra em novos nichos.

Um exemplo é o mercado de produtos absorventes como fraldas, que antes era exclusividade das fibras mais premium de árvores no hemisfério norte. Hoje, nenhum outro país do mundo envia mais celulose para o exterior do que o Brasil.

Os dados da Suzano mostram um aumento de 62% no preço de terras no Brasil nos últimos cinco anos. Isso também impulsionou o preço da madeira, que quase dobrou no período, disse a empresa.

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A Suzano espera continuar plantando cerca de 1,2 milhão de eucaliptos por dia, o ritmo mais ambicioso de sua história. No entanto, a empresa pretende expandir em áreas que atualmente não são utilizadas para o cultivo de árvores, mas que agora poderão ser.

Essa estratégia tem o potencial de criar um boom em torno das plantações de eucalipto, como ocorreu recentemente no Mato Grosso do Sul. O estado, mais conhecido pela pecuária, abriga duas fábricas de celulose e uma nova unidade da Suzano está prevista para começar já em junho.

A região também foi escolhida pela família bilionária chilena Angelini para um investimento de US$ 3 bilhões em uma fábrica que será inaugurada em 2028.

No fim de 2023, a Suzano anunciou a compra de duas empresas geridas pelo BTG Pactual com ativos de cerca de 70 mil hectares justamente no Mato Grosso do Sul, por R$ 1,82 bilhão.

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