Bloomberg — O México aumentou as tarifas de até 210% sobre as importações de açúcar de países com os quais não tem acordo comercial, como parte de um plano para proteger a indústria nacional da queda dos preços.
A medida, que entrará em vigor na terça-feira, inclui tarifas de 156% e 210% sobre o açúcar de cana, açúcar líquido refinado, açúcar de beterraba e xaropes, de acordo com o jornal oficial, que apresentou a medida como uma forma de evitar “distorções” no comércio internacional.
Anteriormente, o governo impunha tarifas sobre as importações de cerca de US$ 0,36 por quilo em algumas importações de açúcar.
O México tem um grande setor agrícola voltado para a exportação, liderado por frutas como abacate e tomate, além de um comércio bilateral de açúcar que remonta a décadas.
O ministério da agricultura fez eco ao impulso protecionista para o açúcar.
“À luz da queda dos preços internacionais e do excesso de oferta, e de acordo com os compromissos internacionais de nosso país, as tarifas de importação de açúcar foram atualizadas para proteger os empregos e fortalecer a produção doméstica”, escreveu o ministério em um post no X.
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A estratégia para o açúcar faz parte do “Plano México” da presidente Claudia Sheinbaum, que visa a impulsionar o crescimento econômico por meio do fortalecimento da produção local.
A medida tem como alvo países com os quais o México não tem acordos comerciais em vigor, incluindo o Brasil, que é um dos principais exportadores de açúcar para o México.
Embora o Brasil seja um importante fornecedor, o mercado mexicano é relativamente pequeno para a indústria brasileira.
O país latino-americano foi o destino de 119.000 toneladas do produto brasileiro na safra 2024/2025, segundo dados compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a principal associação do setor.
Isso representa apenas 0,89% de um total de 35,1 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no período. China (2,99 milhões), Indonésia (2,94 milhões) e Índia (2,70 milhões) foram os principais destinos.
Na safra anterior, de 2023/2024, o volume de açúcar exportado ao México foi mais que o dobro, de 315.000 toneladas, o maior já registrado nos dados compilados pela Unica, que têm início na safra de 1996/1997.
Negociações com os EUA
O México está nos estágios finais das negociações comerciais com os Estados Unidos antes da revisão do acordo de livre comércio EUA-México-Canadá (USMCA) no próximo ano.
Devido, em grande parte, à incerteza, a economia mexicana foi atingida pelas tarifas dos Estados Unidos, que se aplicam a aço, automóveis e outras importações não cobertas pelo USMCA. Ela se contraiu ligeiramente no terceiro trimestre, alimentando os temores de recessão para a segunda economia da América Latina.
No final do mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou uma prorrogação das tarifas adicionais de exportação sobre os produtos mexicanos, alimentando as esperanças de um acordo mais amplo.
À medida que as negociações comerciais avançam, um plano da Sheinbaum para impor tarifas pesadas sobre as importações chinesas foi adiado até pelo menos dezembro, já que a crescente oposição do setor privado mexicano e até mesmo de membros do partido governista emperra o debate no Congresso sobre as tarifas de exportação.
Os fabricantes mexicanos argumentam que as tarifas propostas aumentariam drasticamente os custos de produção, dada sua forte dependência das importações chinesas de maquinário, componentes e matérias-primas.
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-- Reportagem atualizada para incluir dados de exportação de açúcar do Brasil para o México, acrescentados pela equipe da Bloomberg Línea.
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